O movimento antirracista, que ganhou mais visibilidade após o assassinato de George Floyd, nos EUA, começa a impactar empresas de maneira relevante. Com a adesão de diversas organizações ao movimento Black Lives Matter, multinacionais anunciaram a extinção de marcas baseadas em estereótipos racistas.
Uma delas é a Aunt Jemima, marca do grupo Pepsico para produtos como mistura pronta para panquecas e xarope de bordo (também conhecido como maple). Por décadas, a embalagem mostrou a personagem “Tia Jemima”, uma mulher negra que evoca as empregadas domésticas do sul dos Estados Unidos, região de passado escravagista e segregacionista, de forte discriminação racial.
Pertencente à Pepsico, o conglomerado Quaker Oats, que regula a marca, reconheceu que a imagem da “Tia Jemima” evoluiu ao longo do tempo, “mas não o suficiente”. A empresa divulgou que o logo deve ser alterado até o fim do ano.
De maneira análoga, a marca de arroz Uncle Ben’s traz um a imagem de um homem negro, evocando o trabalho escravo nas plantações de arroz e algodão, também no sul dos EUA.
Os produtos Uncle Ben’s pertencem à Mars, que emitiu um comunicado afirmando que “o tempo de evoluir a marca Uncle Ben’s chegou, o que inclui sua identidade visual, e é o que faremos”. A organização, no entanto, diz ainda não saber que mudanças serão feitas, e nem a que prazo.
A marca americana de farinha de sêmola Cream of Wheat, representada por um cozinheiro negro, também deve refazer seu design. “Nos comprometemos a avaliar nossas embalagens e a tomar medidas proativas para garantir que a marca não contribua com o racismo sistêmico”, afirmou a empresa B&G, proprietária da marca, em um comunicado.
fonte: Exame Marketing
Enquanto isso no Brasil…
Bombril retira ‘krespinha’ do mercado: acusações de racismo fazem marcas reverem produtos
A fabricante de produtos de limpeza Bombril anunciou a retirada da marca de esponja de aço ‘Krespinha’ do mercado após ser acusada de racismo nas redes sociais.
Usuários afirmaram que o nome do produto remetia aos cabelos crespos, o que levou a empresa a ficar entre os tópicos mais comentados de quarta-feira (17) no Twitter.
Eles lembraram ainda que, na década de 1950, a publicidade de uma esponja de aço com o mesmo nome trazia a imagem de uma criança negra e fazia alusão a seu cabelo.
Não se trata, no entanto, da primeira marca a ser alvo de escrutínio público e ceder a pressões das redes sociais.
Ao redor do mundo, produtos acusados de racismo vêm sendo reformulados ou retirados do mercado, na esteira dos protestos antirracistas após a morte do americano George Floyd.
Floyd, um homem negro de 46 anos, foi morto por um policial branco nos Estados Unidos que se ajoelhara sobre seu pescoço por mais de 8 minutos.
Sua morte desencadeou protestos em todo o mundo contra o racismo e a violência policial.
A decisão da Bombril acompanha, portanto, esse movimento internacional.
fonte: BBC Brasil
Para Completar
• O negro da propaganda
• O ex-escravo que ajudou a criar o mito Jack Daniel’s
• Reconhecendo estereótipos racistas internacionais
Embora muitos achem mimimi, mas como digo, há casos e casos. Realmente estamos em tempos de mudanças necessárias e vale deixar tudo registrado aqui no IFDBlog 🙂 Conforme sair mais casos na mídia, vou completando por aqui dentro do tempo que tenho disponível:
• Colgate vai repensar produto com histórico de marketing racista na Ásia
• Colgate Reviewing Chinese Toothpaste Brand Darlie Amid Debate on Racial Inequality
• Relatives of two Aunt Jemima actresses, Anna Short Harrington and Lillian Richard, are displeased with Quaker Oats’ decision to rebrand.
• Disney Is Changing The Splash Mountain Ride Because It’s Based On A Racist Movie
• L’Oréal vai retirar termos como ‘branqueador’ e ‘clareamento’ de seus produtos
• ‘Simpsons’ não terá mais atores brancos para dublar personagens de minorias
• Episódio de Mad Men com conteúdo racista terá aviso para explicar o contexto da cena