O uso do telefone celular como provedor de música já faz parte do dia-a-dia do consumidor brasileiro, apesar de ser um mercado ainda jovem no país. Operadoras de telefonia, fabricantes de aparelhos e gravadoras começaram a investir neste formato em 2006 e, agora, afirmam tratar-se de um mercado consolidado e com potencial de expansão crescente.
” Esta é uma tendência que está quase virando uma prática ” , afirma Fiore Mangone, gerente de vendas e serviços da Nokia.
A música continua sendo o conteúdo mais atrativo e procurado pelos usuários de celulares, mas novas apostas por parte de fabricantes e operadoras começam a surgir no Brasil. Filmes na íntegra, jogos, videoclipes de bandas e audiolivros – gravações de livros lidos em voz alta – já estão disponíveis em diversos aparelhos. O modelo de negócio geralmente é baseado em parcerias entre provedores de conteúdo e fabricantes ou operadoras de celular.
Em novembro de 2008, a Motorola lançou um telefone que vinha com os filmes da trilogia ” Bourne ” , prontos para ser assistidos. Também no ano passado, a operadora Claro colocou no mercado um aparelho recheado com o longa-metragem ” Batman – O Cavaleiro das Trevas ” . A TIM contra-atacou com o ” Homem-Aranha 3 ” .
Já a Nokia fechou contrato com uma empresa de audiolivros chamada PlugMe e passou a oferecer conteúdo nos aparelhos.
A ampliação do leque de conteúdo embarcado nos telefones móveis segue a trilha dos bons resultados obtidos com as vendas dos celulares que já chegam aos consumidores carregados com o álbum inteiro de um determinado artista.
A Sony Ericsson anunciou nesta semana ter alcançado a marca de 1 milhão de aparelhos com conteúdo embarcado da banda de pop-rock Jota Quest. O movimento é considerado um feito no mercado, onde as vendas de CDs e DVDs físicos estão em queda livre. Por isso, a fabricante de aparelhos já pensa em incrementar esse tipo de ação. ” Além de oferecer as faixas, queremos ampliar o conteúdo e colocar videoclipes dos artistas ” , diz Everton Caliman, gerente de produtos da Sony Ericsson do Brasil.
O modelo já foi experimentado até mesmo pela RIM, fabricante do BlackBerry, em sua tentativa de tornar seus aparelhos mais atraentes ao consumidor pessoa física. No ano passado, a companhia lançou em parceria com a Vivo um telefone que trazia o DVD da cantora Maria Rita.
O formato deu certo porque é interessante para todas as pontas da cadeia de negócios. Para os fabricantes de celular, atrelar sua marca à de um artista renomado é um caminho para turbinar as vendas de um determinado aparelho, num mercado inundado por telefones para todos os gostos. No caso das operadoras, o telefone móvel carregado com o conteúdo de um artista campeão de vendas pode ajudar a atrair clientes e a incentivar o uso de serviços de dados.
As grande gravadoras encontraram no modelo uma forma de vender música digital e driblar os sites de download gratuito que fazem a festa dos internautas. O celular tornou-se para elas uma fonte crescente de receitas. Os números de 2008 ainda não foram divulgados, mas os dados de 2007 dão uma idéia disso. De acordo com a Associação Brasileira de Produtores de Discos (ABPD), as vendas de CDs e DVDs físicos caíram 31,2% em 2007, na comparação com o ano anterior, para R$ 312,5 milhões. O faturamento proveniente dos telefones móveis cresceu 127%, para R$ 18,5 milhões e ficou bem acima dos R$ 5,7 milhões gerados pela venda de músicas na internet. ” Acredito que o celular deve se tornar a maior fonte de receita das gravadoras, em breve ” , afirma Mangone, da Nokia.
A Sony Music já vendeu mais de 10 milhões de faixas via celular desde que começou a operar nesse formato, em 2006. ” Não enxergamos mais o lançamento do CD físico e sim o lançamento do CD em si. E o celular passou a ser visto como uma nova possibilidade, um outro canal ” , diz Claudio Vargas, diretor de novos negócios e digital da gravadora no Brasil.
Para que a oferta de música e outros tipos de conteúdo embarcado continue crescendo, os fabricantes têm se preocupado com a capacidade de armazenamento dos aparelhos. A Motorola pretende investir cada vez mais na oferta de telefones com maior espaço para guardar conteúdo. De acordo com Loredana Mariotto, diretora de marketing da Motorola para a América Latina, a companhia também estuda melhorar o desempenho de aparelhos mais simples e acessíveis ao consumidor. ” Queremos oferecer produtos mais baratos, para que o conteúdo embarcado fique disponível para uma base maior de clientes ” , diz.
autora: Manuela Rahal e Talita Moreira
fonte: http://ultimosegundo.ig.com.br