Quando alguém pergunta, os cientistas e os engenheiros sempre acham que são suas habilidades técnicas que vão abrir as portas em uma empresa. Certamente, mesmo sendo verdade que as habilidades técnicas oferecidas a um empregador estará entre um dos maiores fatores para a oferta de emprego, primeiro há algo mais que será preciso. Você precisa conseguir que te ouçam. Com os empregadores de hoje em dia, você pode ter toda experiência técnica do mundo e mesmo assim “ficar de fora tentando entrar” se não conseguir despertar o interesse deles ao telefone.
Eu sei como o telefone é importante porque ele é minha companhia constante. Literalmente quase nunca deixa minha orelha. Mesmo que seja cansativo, também tem uma vantagem. Qualquer pessoa que passa muito tempo ao telefone aprende a ouvir muito bem. Da mesma forma que um cego desenvolve outros sentidos, minha capacidade de audição se beneficia desta forte ligação com o telefone. Entretanto, só recentemente percebi que com freqüência sou influenciado subconscientemente pelo som da voz de outras pessoas e que algumas destas sabem usar isso em benefício próprio. Os melhores candidatos a uma colocação profissional sabem que a maneira como soam tem tanta influência em seu sucesso quanto as palavras que escolhem pronunciar.
Há duas semanas estava no escritório numa sexta à tarde bem atarefada falando com um cliente quando recebi outro telefonema. Todos os meus colegas haviam se mandado às cinco da tarde em ponto, portanto estava tendo que assumir o papel de recepcionista e me revezar no atendimento do telefone a cada dois minutos. Eu detesto pedir a um cliente para esperar enquanto atendo outra linha, mas por algum motivo foi exatamente o que fiz. Quem telefonou foi um cavalheiro com um claro sotaque asiático e um comportamento muito educado e profissional. Falando rápido, expliquei que eu estava na outra linha e perguntei se poderia pedir a alguém de meu escritório para retornar seu telefonema na segunda-feira.
Mesmo assim, me vi retornando seu telefonema apenas 10 minutos depois.
O que havia de especial em seu papo rápido que me fez pegar o telefone assim que terminei minha outra conversa? Não foi só pelas palavras que usou, apesar de que certamente foi de ajuda o fato de ele obviamente ter pensado sobre o que diria quando conseguisse falar comigo (tinha pensado em incluir este breve roteiro de 1 minuto neste artigo, mas no papel é só uma conversa comercial corriqueira).
Ao invés disso, minha reação tinha algo a ver com o som da voz dele. É difícil tentar descrever isso. Minhas anotações sobre a conversa dizem que ele “soava extremamente profissional” e que “parecia o tipo de pessoa que merecia uma resposta educada”. Quase risquei meus planos de escrever este artigo porque comecei a pensar que minha reação tivesse sido por mero acaso.
Entretanto, em uma semana não tinha nada menos que outras seis situações onde fui influenciado, ou de forma muito positiva ou muito negativa, simplesmente pelo som da voz da pessoa que havia telefonado e por seu primeiro ou segundo comentário. Eu sabia que havia algo nisto que era muito mais difícil de definir do que as outras habilidades de um candidato a um posto de trabalho. Como foi que senti um respeito instantâneo por alguém com quem havia falado por apenas alguns minutos?
Elementos-chave para impor respeito ao telefone
Em cada situação que analisei desde que comecei a notar estas decisões subconscientes, descobri que a pessoa que telefonou ou despertou meu interesse ou me desinteressou completamente nos primeiros 2 minutos. Eu jamais teria admitido isso antes se não tivesse feito uma pesquisa e descoberto que não estou sozinho. Renee Grant-Williams, autor do excelente livro Voice Power (O Poder da Voz – Editora Amacom, 2002), se refere a esta decisão subconsciente como o “buraco que acontece entre o ato da pessoa simplesmente ouvir sua informação e de fato posteriormente se lembrar e agir em cima disso”.
Eis aqui dois elementos que vão determinar sua credibilidade ao telefone ? a Mensagem e a Embalagem de entrega.
Elemento número 1, a Mensagem: caso a atividade telefônica que você queira melhorar seja o difícil telefonema de networking, você já sabe como é importante transmitir a mensagem certa. Por exemplo, você não pode telefonar para um gerente de contratações e pedir um emprego. Desta forma você será tratado com o que chamo de “bagunça do RH” (ou seja, quando você pergunta “Tem algum cargo em aberto?” e a pessoa do outro lado da linha te passa para o departamento de Recursos Humanos). Sua mensagem tem de ser desenvolvida cuidadosamente e associada a uma meta específica para cada telefonema.
Uma vez que já existem alguns bons artigos publicado nos últimos anos em NextWave, que vão te ajudar a desenvolver a mensagem de networking apropriada, não vou duplicar esta informação aqui. Entretanto, alguns quesitos são importantes o bastante para justificar a repetição:
* Sempre tenha a mensagem escrita em um papel e analisada com antecedência. Até o mais experiente headhunter tem um roteiro em mãos para cada uma das “maravilhosas oportunidades de emprego” que telefona para divulgar. Se você tem uma pergunta para alguém sobre seus deveres no cargo ou o que recomendam como caminho para networking, tenha a pergunta na sua frente. Nunca “improvise”.
* Saiba qual a meta antes de pegar o telefone. As pessoas dão valor quando quem telefona sabe aonde quer chegar porque ajuda a conversa a fluir. Uma pessoa com um objetivo é alguém que impõe respeito.
* Use apenas 5 minutos no telefonema. Não espere conseguir falar com uma pessoa ocupada da indústria e tomar de 15 a 20 minutos de sua manhã. Qualquer que seja seu objetivo com o telefonema ele precisa ser alcançado em 5 minutos ou menos. Não fique ofendido se conseguir apenas 60 segundos. Considere-se afortunado se conseguir mais do que os 5 minutos de praxe.
Elemento No.2, a Embalagem: é esta a parte que impressiona no nível subconsciente. É simplesmente o som da sua voz e as poucas coisas que possa dizer que vai estabelecer seu profissionalismo. É isso que separa um telefonema bem-sucedido daquele que é considerado uma “chateação”. Eis algumas dicas:
* Inicie seus telefonemas com uma pergunta de abertura educada. Funciona bem perguntar por exemplo: “Você tem tempo para um pergunta rápida ou te peguei em uma hora ruim?” Isso arma uma situação de atenção imediata a sua mensagem ao mostrar que respeita o tempo da pessoa para quem telefonou.
* Fale em alto e bom tom e exima segurança. Muitos cientistas são pessoas caladas e reservadas, telefonar a um estranho é desconfortável. O timbre, volume e ritmo de sua voz dizem à pessoa do outro lado da linha, no nível subconsciente, se você está seguro de si e quanto crédito ela deve dar a seu pedido. Livre-se do medo se concentrando em como você soa.
* Use pausas freqüentes para incentivar uma reação. Não se prenda a um roteiro preparado que não tenha uma pausa natural para engajar a pessoa numa conversa.
* Entre em cadência com o estilo de conversa da outra pessoa. Se fizer contato com alguém que tem um ritmo mais lento, do tipo ponderado, não tente enfiar sua mensagem por sua goela adentro em 20 segundos. Ajuste sua cadência para se adaptar.
Uma ferramenta que usamos quando não podemos nos comunicar de verdade
Não existe nenhum usuário habitual de telefone que ache que esta é a única forma que a comunicação deve proceder. O telefone é apenas uma bengala – algo necessário no mundo dos negócios em situações onde a comunicação real ao vivo não pode acontecer. Infelizmente para aquele que está à procura de um emprego, esse encontro ao vivo é cada vez mais raro a não ser que consigamos a vitória de ter uma conversa bem-sucedida ao telefone.
Este pode ser um telefonema de networking, ou até mesmo o ainda mais estressante telefonema de entrevista. Qualquer que seja o cenário, se você se concentrar em transmitir uma mensagem clara, consistente, embrulhada num pacote de tom profissional, terá feito o que é preciso para chegar ao próximo passo.
autor: Dave Jensen
fonte: Universia