Apesar das Teles possuírem uma força econômica muito maior, faturam cerca de 14 vezes mais que as Redes de Comunicação (cerca de R$ 7 bilhões em 2004), parece que a força política das Redes vão ganhar essa queda de braço. Não podemos esquecer que esse é um ano eleitoral e a Televisão ainda é o principal meio de conquistar votos. Não seria muito prudente para o presidente Lula bater de frente com as Redes nesse momento. Inclusive o Ministro das Comunicações Hélio Costa já se posicionou favorável ao modelo japonês.
Enquanto isso, as agências de publicidade, outras grandes interessadas nessas mudanças, não expõem voz ativa nessa decisão. Em contrapartida, a comissão dos filmes de 30 segundos que são o grande filão das agências, nunca esteve tão ameaçado com essas mudanças.
Os hábitos de consumo de mídia, independentemente do padrão que for adotado, estão em mudança. A informação está deixando de ser imposta pelas redes e escolhidas pelo usuário. É a era OnDemand, onde quem escolhe a grade de programação é o telespectador. Poderemos assistir a novela das 8 pela manhã, o Big Brother na hora do almoço e o Globo Esporte à noite.
A TV Digital permitirá a interatividade. Poderemos interagir com o conteúdo da TV, participar de votações, jogos e mandar e-mails. Poderemos escolher com qual câmera queremos assistir aos jogos da Seleção Brasileira. Conseguiremos inclusive fazer compras pela TV. Já imaginou o sucesso de vendas das roupas usadas por atrizes da Globo sendo vendidas por controle remoto durante a Novela?
A Globo.com já é um exemplo de como irá funcionar a TV Digital. A NBA (liga profissional de basquete americano) só pode ser assistida pela Internet. O assinante da Globo.com pode assistir a todos os jogos do campeonato sob demanda. No site do Big Brother você tem acesso a câmeras exclusivas 24 horas por dia. Pode votar nos emparedados, concorrer à promoções e ainda comprar alguns produtos usados pelos participantes da casa, como o famoso edredom.
Fica claro que a escolha do padrão de TV Digital irá afetar toda a cadeia produtiva do setor de comunicações. Desde as Redes de Televisão, passando por agências, produtoras, fornecedores e anunciantes, todos sofrerão com as mudanças. O que mostra a importância desta decisão que será tomada nos próximos dias.
Entretanto, independente de qual padrão for escolhido, estamos em um caminho sem volta, em que agências e anunciantes terão que adaptar a propaganda e o marketing para novos hábitos de consumo. Teremos que apreender a vender produtos e serviços com Interatividade e sob demanda.
autor: Rafael Andaku
fonte: e-brand