Haverá um dia em que o cursor do mouse será extinto, que nossas mãos controlarão som e imagem, que nossos celulares serão televisões e nossas televisões terão internet, assim como nossas geladeiras, relógios e os próprios celulares. E, contrariando a idéia de futuro longínquo que tínhamos no início dos anos 90, esse dia já está para chegar, se é que já não chegou, pelo menos para alguns. É esse o cenário tecido por Jurandir Craveiro, sócio e diretor de planejamento da NBS, no estudo investigativo “Consumidor digital”, no qual o conceito de convergência surge como elemento vital, assim como as experiências táteis.
Em sua análise, Craveiros destaca que o consumidor está ficando cada vez mais exigente e sapiente, principalmente com o aumento da acessibilidade a serviços como banda-larga e o surgimento das TVs digital móbiles e com armazenamento. “Teremos uma mudança na maneira de como nos comunicamos, trabalhamos e nos divertimos. O avanço das tecnologias nos mostra que poderemos ver qualquer vídeo, a qualquer hora e em qualquer tela”, sintetiza o diretor de planejamento.
Entre diversos exemplos, um dos explorados em sua investigação é o iPhone, da Apple, aparelho touch-screen através do qual é possível armazenar e executar músicas e vídeos, ler e-mails, acessar sites e, claro, fazer e receber ligações. Segundo Craveiros, com a tecnologia da TV digital adotada no Brasil – a mesma utilizada no Japão, mas ainda com muito menos recursos –, nos próximos três anos deveremos ter cerca de cinco milhões de pessoas assistindo televisão com qualidade de imagem, gratuitamente, em seus aparelhos móveis, sejam eles celulares, smartphones ou laptops.
Como exemplo da convergência, o sócio da NBS cita as residências, onde podem ser instalados home theater, televisores, computadores com internet wireless banda-larga, TV por assinatura e outros aparelhos, entre eles, o celular. Serviços e ferramentas de sites já existentes, assim como a capacidade de armazenamento de uma LCD e a rede wireless, geram novas posturas diante das mídias, como o “inclinar-se” e “reclinar-se” para que se possa apreciar conteúdos em vídeos. Ou seja, Craveiro antevê uma nova relação entre as pessoas e os aparelhos, visando ao o conforto, seja no lar ou no ambiente profissional.
“Os vídeos baixados de algum site ou captados por uma câmera digital poderão ser exibidos na TV da sala com enorme facilidade, onde se tem muito mais conforto e qualidade de imagem. O mesmo pode se dar através da gravação de um programa na HD da televisão para ser assistido durante uma fila de espera, pela tela do celular”, argumenta Craveiros.
Outros exemplos: o porta-retrato digital, que permite que milhares de fotos sejam armazenadas e trocadas com apenas um toque; a geladeira com internet; e o Slingbox, um equipamento ainda desconhecido pelo grande público no Brasil que, conectado à internet, envia com qualidade qualquer conteúdo apreendido da TV (isso inclui TV por assinatura e até pay-per-view), para acesso on-line a qualquer momento.
O avanço de sites com vídeos na internet, no estilo do YouTube ou dos próprios canais de televisão, que cada vez mais disponibilizam parte de sua programação na web, também auxiliará no avanço da convergência. “Somente em 2007, mais de mil opções de fornecimento de vídeo foram lançadas na internet. Não importa mais de onde vem o como vem esse conteúdo, o que interessa é a qualidade, o acesso e a conveniência”, completa Craveiros.
Quanto à propaganda, ele brinca que já seria milionário se soubesse quais os meios que sobreviverão, se adaptarão ou nascerão pelo surgimento das novas formas de se acessar qualquer conteúdo. Porém, para confortar o mercado, Craveiros conclui: “A propaganda está mudando de forma radical, sem dúvida. Mas, no fundo, a arte de persuadir em favor de uma marca vai continuar existindo. A propaganda muda de forma, mas sua missão e importância não cessarão nunca”.
autora: Karan Novas
fonte: Portal da Propaganda