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A relação designer x empresas: é preciso conhecer o caminho das pedras

Hoje em dia é comum demais falar sobre a importância do design no desenvolvimento de novos produtos. Industriais, administradores, engenheiros, projetistas, enfim, profissionais de todas as áreas envolvidas com produção de bens de consumo, concordam que sem investir em design nos seus produtos, fica difícil para uma empresa sobreviver neste ambiente mercadológico tão competitivo e atribulado que vem se formando nas últimas duas décadas, o que se deve em grande parte ao processo de globalização da economia.

Até aqui nada de novo, afinal, desde a abertura de nosso mercado nos anos 1990 que vimos nossas prateleiras inundadas de produtos com conceitos avançadíssimos de design, e não era preciso ser nenhum expert para perceber o quanto a maioria de nossas indústrias estavam décadas atrasadas com relação ao resto do mundo. Neste cenário cada empresa teve que se virar como pôde para conseguir resistir a esta invasão, sendo que muitas delas fecharam as portas simplesmente por não ter a menor condição de competitividade naquele ambiente, afinal seus produtos eram antiquados e caros, frutos do vício de uma política industrial que não privilegiou em momento algum o desenvolvimento de idéias inovadoras, e nem mesmo o incremento de novas tecnologias, sejam de fabricação, de materiais ou processos.

De repente todo mundo começou a olhar o design como tábua de salvação, empresas de design pipocaram nos centros industriais, outras mais antigas tiveram uma grande projeção em seus negócios, inúmeras publicações trataram do assunto com ênfase, enfim, parecia que o design tinha finalmente encontrado seu lugar ao sol. No vácuo desta projeção, surgiram também muitos cursos de design em todo país e, conseqüentemente, uma onda de novos profissionais no mercado, nem sempre com uma boa formação. Mas faltou uma coisa: o mercado brasileiro entender o que é design, e aprender a usá-lo de forma eficiente.
Hoje temos administradores de muitas grandes e médias empresas que ainda não sabem o que é design, confundem as questões de simples estética com o complexo processo de desenvolvimento de um novo produto que envolve as funções do designer dentro da empresa. Poucas são as organizações que conseguem extrair deste profissional todo seu potencial e explorar a visão holística que o designer tem do processo de desenvolvimento de novos produtos, ignoram o fato de que um bom trabalho de design pode tornar sua indústria muito mais eficiente não só quanto ao produto final, mas em todo processo, já que o designer tem como função pensar “o todo” do produto, sendo a questão estética apenas o que aparece neste trabalho, a “ponta do iceberg”.

Aí é que entra outro grande problema do design dentro das empresas: não basta contratar um designer e deixá-lo sobre uma prancheta ou em frente a um computador, ou ainda criar um departamento de design todo equipado para receber um time. O designer é um profissional que trabalha em conjunto com toda produção, e não será nunca o “salvador da pátria”, ele depende de um contexto de trabalho em equipe, e sua inserção dentro da empresa tem que ser feita com planejamento e atenção. Muitas vezes a colocação deste profissional depende de uma mudança de cultura dentro da organização, já que normalmente são áreas comandadas por departamentos de engenharia e de marketing, e o designer entra como coadjuvante num contexto totalmente despreparado para seu trabalho, restando a ele resolver questões simplesmente estéticas, incorrendo no clássico erro citado anteriormente.

Mas também os designers têm culpa no cartório, e eu já deparei com casos bem diversos de problemas surgidos na contratação de designers terceirizados. Um dos que mais me impressionou foi o de uma empresa nacional de grande porte, que contratou um escritório de design italiano para desenvolver uma linha de produtos, gastando literalmente um rio de dinheiro, e o resultado foi patético, produtos com erros graves e total falta de afinidade com a linguagem dos outros produtos. No entanto a direção da empresa só percebeu a falha depois que entraram em produção, tarde demais para parar tudo, e lançaram assim mesmo. Ali nenhuma pessoa entendia de design e acharam muito mais inteligente chamar uma empresa especializada de renome mundial, o erro foi que ninguém sabia também como julgar o projeto do ponto de vista de design, e o processo de avaliação foi feito de maneira extremamente amadora, com palpites de qualquer um, quase sem preocupação técnica.

Um segundo caso foi quando um pool de empresas fez um acordo com um grupo de designers que prestariam serviços para desenvolvimento de produtos. Alguns projetos foram executados “à distância”, sem que o designer sequer visitasse a fábrica, e os resultados saíram também muito distantes daquilo que essas empresas precisavam, e pelos quais também pagaram. Ambas as histórias têm como fator comum um trabalho desenvolvido de maneira errada também pelos designers, que não participaram de maneira efetiva do processo dentro da empresa. Estas indústrias estão implementando agora um departamento de design em suas instalações, o que espero venha a resolver este tipo de problema (se elas souberem como deve ser o trabalho do designer).

É muito mais lógico que as empresas procurem ajuda para iniciar seu trabalho com design. Uma consultoria pode ser muito mais econômica e frutífera que simplesmente contratar um profissional ou terceirizar o serviço para um escritório sem ter uma noção clara das necessidades particulares da organização. Isso simplifica o processo e encurta o caminho para resultados efetivos, resultados que podem até indicar outras possibilidades para a empresa que não seriam aqueles mais aparentes.
A história do ventilador Spirit, envolvendo a empresa Plajet e o designer Guto Índio da Costa, é um exemplo claro desse tipo de trabalho: fabricante de fitas cassete, a Plajet via seu mercado encolhendo e o maquinário se tornando ocioso. Contratou Índio da Costa para encontrar uma saída viável à empresa, o que foi possível através do desenvolvimento de um ventilador de teto que usasse todo maquinário existente em seu parque. A empresa deixou de produzir cassetes e hoje é sucesso mundial em seu novo ramo.

A falta de conhecimento na área faz com que empresários simplesmente contratem um designer como suposto herói, aí, quando o sujeito não corresponde às expectativas, manda ele embora e, às vezes passa, até a ter preconceito contra a profissão. Mas se esse mesmo empresário tivesse como entender melhor o que é o design e todo seu contexto, talvez enxergasse que sem esse profissional seu produto passa a correr muito mais riscos e, no mínimo, estaria deixando de lado a possibilidade de aumentar seus ganhos através de projetos muito mais bem desenvolvidos.

Então aqui vai uma dica: antes de contratar um designer, procure entender o que sua empresa precisa e como você pode aproveitar o máximo este profissional dentro do processo, procure apoio em instituições como a ADP (Associação de Designers de Produto) ou ADG (Associação de Designers Gráficos), encontre profissionais que possam orientar qual a melhor metodologia de trabalho para que o resultado não seja desastroso, e sim extremamente vantajoso.

autor: Alexandre Ferreira Santilli
fonte: Design Brasil

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