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Design Inclusivo: Benefícios para Todos

O Ambiente como Gerador de Exclusão Social. Design Inclusivo para a Inserção Social. Princípios do Design Inclusivo. Passos para o Design Inclusivo.

O Ambiente como Gerador de Exclusão Social
Um quinto da população mundial tem dificuldade em realizar tarefas domésticas. Esse dado alarmante não indica que de fato um quinto da população possui alguma deficiência física, psíquica ou sensorial, e sim que estamos constantemente (40% de nossa vida, segundo “Design for All Foundation”) sofrendo problemas de interação com o ambiente que nos rodeia.

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Observa-se que uma grande proporção de produtos e ambientes diariamente utilizados não resolve as necessidades das pessoas com mobilidade física reduzida; considerando como tais, cidadãos de idade avançada e pessoas com alguma desabilidade física; mas sem esquecer que também integram o “rótulo” crianças, mulheres grávidas, um cidadão com um filho de colo ou um jovem com a perna temporariamente engessada, por exemplo. Essas pessoas estão impossibilitadas por esses produtos e ambientes de realizar tarefas comuns com facilidade e dignidade, simplesmente porque no projeto inicial eles foram desconsiderados e porque, assim, a sociedade não soube prever a diversidade de usuários e as mudanças que estes sofrem ao longo da vida.

Esta realidade se dá porque a maioria dos produtos está desenhada para um público jovem e com saúde intacta e idônea. O design nestes casos não é considerado inclusivo e integrador. Por isso, pode-se afirmar que estimular o debate e compreensão do design inclusivo trata-se também de fomentar a luta pela justiça social e pelos direitos humanos, já que um projeto de produto ou urbanístico pode atuar como segregador social. Assim, como afirma o Disability Rights Commission (RICAbility), Design is a social issue because it is poor design which turns impairment into a disability. Having limited grip only becomes disabling when controls are too small, for example. (Tradução: Design é uma questão social porque é um mal projeto que converte uma limitação em uma deficiência. Possuir pouca mobilidade no pulso só se torna uma incapacidade quando os controles são muito pequenos, por exemplo).

A importância do Design de Produtos para a Acessibilidade
Felizmente, desde 1970 a questão da acessibilidade tomou força suficiente para hoje existirem numerosas melhoras ao que se refere às condições de trabalho, edificações e transporte no campo da acessibilidade. Infelizmente ainda não existe legislação que respalde o assunto aplicado ao design de produtos. Se existem as leis que tratam das pautas de segurança e funcionalidade que os produtos devem seguir, porque não se considera nessa mesma legislação o fato que eles tenham que seguir certos termos de acessibilidade?

É importante esclarecer a confusão de termos nesta temática: a idéia básica que define Design Inclusivo é simples, mas existe uma família de nomenclaturas oferecida no mercado capaz de traduzir essa mesma idéia. Rótulos como “barrier-free design”, “universal design”, “transgenerational design”, “design for all”, e “human centred design” têm contribuído para uma crescente literatura sobre o assunto. Essa prática somente encobre definições que são utilizadas sem alguma consistência. De todos os modos, essa não é a preocupação central deste texto e podemos encarar esse fato como um bom sinal de que a sociedade dedica-se mais intensamente ao debate da questão da acessibilidade; e que já não se pode ignorar o amplo e importante processo histórico que produziu o termo “inclusivo”; processo este configurado pela constante luta de diferentes minorias em busca de defesa e garantia de seus direitos como seres humanos e cidadãos. Ignorar tal processo representa um problema muito maior que o excesso de termos.

Design Inclusivo para a Inserção Social
Historicamente, os parâmetros que sempre determinaram o projeto de qualquer produto têm sido a engenharia de fabricação, os aspectos econômicos e a busca pela produção de bens que cumpram desejos dos usuários guiados pelo marketing; estando em segundo plano a participação e adaptação dos produtos aos usuários, à diversidade humana e às variáveis sociais, culturais e cognitivas da população.

Mas o movimento dos direitos do consumidor e as novas matérias ofertadas nos centros universitários de desenho industrial e arquitetura, tais como ergonomia e oficinas de design inclusivo; estão realizando uma grande tarefa de formação e informação sobre a problemática, atuando também como reforços às já existentes e numerosas organizações e representações dos direitos das pessoas com deficiência. Estas associações podem agora reconhecer os designers como aliados na luta pelos seus direitos.

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Embora seja visível que a maioria dos atuais empreendedores e atuantes no campo do design inclusivo provêm de tais organizações, ou seja, possuem alguma deficiência física, sensorial, ou está intimamente relacionado a alguma situação semelhante, convertendo o motor de seu trabalho em uma causa pessoal; a iniciativa é valida igualmente e transforma a atividade em uma experiência muito mais prazerosa para todos. Mas pretende-se que em um futuro próximo possamos vislumbrar como atuantes desta causa a todos aqueles que se dedicam à tarefa de projetar produtos e serviços, em que em vez de causa a atividade seja reconhecida como essencial e obrigatória na hora de projetar o ambiente que nos rodeia.

Também existem outras razões que podem explicar o crescente interesse, tanto por parte dos consumidores quanto dos fabricantes e projetistas, pelo design inclusivo:

Razões Sócio-políticas: envelhecimento da população. Estima-se, por exemplo, que existam 100 milhões de idosos e 50 milhões de deficientes na Europa, representando 15% (da população total). No Brasil, também representam essa mesma porcentagem os deficientes físicos e psíquicos do país.

Por consciência social: como conseqüência do fator sócio-político, já existe a constatação por parte de certos grupos de que o ambiente TEM QUE servir ao ser humano, ser criado por ele e para ele, portanto, que o design de produtos e serviços se adapte às condições do usuário e não o contrário. Diversos acordos, declarações internacionais e legislação nacional motivam a intervenção sobre o ambiente projetado para fazê-lo mais adequado a todos.

Fatores Tecnológicos: a fragmentação social entre os cidadãos com e sem acesso às novas tecnologias demanda dos projetistas uma atenção especial para incluir a todos ao projetar um novo produto ou serviço informático. Chama-se e-Acessibilidade.

Princípios do Design Inclusivo
Como se trata de uma atividade voltada inicialmente para um público específico, um dos princípios mais básicos do desenho inclusivo é a compreensão das necessidades reais dos consumidores em questão, aqueles geralmente excluídos pelos designers em geral. Projetos inclusivos bem-sucedidos são aqueles baseados em consultas de primeira mão e envolvimento direto com potenciais usuários dos futuros produtos. Na prática, significa trabalhar e conviver com a realidade da terceira idade e pessoas com deficiência, por exemplo, durante todas as fases de desenvolvimento do produto e, principalmente (e este ponto é crucial) levar em consideração este grupo específico de consumidores nas primeiras fases de desenvolvimento, já que esta se define pela pesquisa de mercado, necessidades dos usuários, ou seja, a “filosofia de vida” que terá o produto. A importância deste princípio está demonstrada pelo fato que os principais nomes do design inclusivo hoje estão intimamente relacionados com a deficiência de forma pessoal, fato que permite que esses designers tenham uma visão mais clara e experiência pessoal suficiente para detectar as principais necessidades que esses grupos possuem. Qualquer forma de contato com essa realidade é satisfatória, e mesmo que não seja um contato íntimo, o projetista ainda pode se armar de empatia e de criatividade.

Os “7 Mandamentos” do Design Inclusivo, desenvolvidos pela “Center of Universal Design” da Universidade da Carolina do Norte, EUA, propõe regras simples para um projeto universal:
1.Uso Eqüitativo
2.Flexibilidade no uso
3.Uso Intuitivo e Simplificado
4.Informação Perceptiva
5.Tolerância a Erros
6.Mínimo esforço
7.Tamanho e Espaço para Uso e Aproximação Adequados

Portanto, Design Inclusivo não significa pequenos ajustes referentes à funcionalidade do produto e/ou serviços oferecidos à sociedade. Não se trata somente de adaptar a entrada de uma escola ou galeria com uma rampa, automatizar um produto ou instalar elevadores no condomínio. É necessária uma mostra de consideração e comprometimento profundos por parte dos designers e fabricantes de produtos e serviços; de arquitetos, urbanistas e demais profissionais que direta ou indiretamente exercem atividades chaves no desenvolvimento do ambiente habitado pela sociedade. Esses profissionais devem ter sempre em mente que a terceira idade e as pessoas com alguma restrição física são potenciais usuários de seus produtos fabricados e como tais merecem o seu respeito; e que, aplicando esses princípios, fiquem expostas e sejam delatadas as ausências que a sociedade apresenta para a livre circulação e o direito básico de qualquer cidadão de ir e vir, independente de seu estado físico.

Passos para o Design Inclusivo
Uma forma recomendável de observar a problemática é deslocar do centro gerador da problemática essas minorias e sim acusar o ambiente e os produtos mal projetados que não satisfazem as necessidades de todos como motores da exclusão (“Revolução Copérnica”, de Hubert Froyen). Como geradores desse entorno, os projetistas estão mais próximos de serem os culpados de gerar a problemática que enfrentam as pessoas com mobilidade reduzida.

Os passos para essas mudanças mais profundas também podem ser detalhados pelos seguintes itens:
Legislação
Standards (Normatizações)
Inspeções / auto-regulação
Mais informação ao fabricante
Ensino/Formação em Design Inclusivo em várias áreas de conhecimento
Prêmios e certificações/selos de “design inclusivo” em produtos e/ou serviços
Mais informação ao consumidor

Design Inclusivo: Benefícios para Todos
É importante destacar que os demais aspectos considerados no desenvolvimento de um produto devem seguir em pauta. Design Inclusivo não entra em conflito com nenhum outro princípio de Good Design, como por exemplo, fazer com que o produto seja desejável. Ao contrário, procura-se que Design Inclusivo faça parte do que se denomina Good Design.

Design Inclusivo representa benefícios para toda a sociedade. Projetos que saciam as necessidades de pessoas com habilidades reduzidas saciam também necessidades do público em geral, não entrando em choque com outras realidades físicas. Portas automáticas e maçanetas especialmente desenhadas para pessoas com artrite são exemplos dessa afirmação. Pesquisas de designers do EIDD (European Institute for Design and Disability) juntamente com linhas de produção demonstraram que projetos inclusivos que facilitam a vida de certo grupo de usuários, facilitam proporcionalmente as tarefas para todos. Conflitos de interesse são pouco comuns e podem ser resolvidos com certa criatividade. Também foi demonstrado que produtos que procuraram saciar essa variedade de interesses se tornaram mais competitivos e mais apelativos no mercado.

Também deve-se deixar claro que, mesmo que se tenha afirmado anteriormente que o termo “inclusivo” deve ser considerado desde as primeiras etapas da concepção do produto, não é obrigatório qualquer esforço financeiro especial ou adição de adaptadores complexos. O coletivo em geral normalmente imagina que tudo o que se constrói para a acessibilidade está relacionado com automação, dispositivos mecânicos e/ou eletrônicos caros e especialmente projetados. Design Inclusivo, como se afirmou anteriormente apresenta-se como uma vertente do Good Design, e este promove também a simplificação de componentes e materiais. Propõe-se, pois, que baste algumas mudanças ergonômicas ou de materiais para converter um projeto em inclusivo.

Sempre existirão pessoas incapacitadas de usar algum produto, mas pretende-se sempre fazer o possível para incluir a quantos mais usuários seja viável a produtos, comunicação gráfica, arquitetura e no ambiente em geral. Seguindo estes passos, produtos inclusivos serão o mais compatíveis possível com periféricos que costumam ser utilizados para melhorar a funcionalidade do produto específico, como por exemplo, algum dispositivo de automação em objetos de utilidade doméstica, um leitor de paginas web para deficientes visuais, etc.

E, chegado a este ponto, o leitor começa a se questionar sobre produtos usuais na sociedade que apresentam elevado grau de incongruência quanta à acessibilidade, mesmo que estejam dirigidos a um público que supostamente não apresenta alguma restrição física. Como exemplo, nos perguntamos de quem foi a idéia de localizar o fecho dos sutiãs na parte posterior, ou de imprimir em letra tamanho 6 as instruções de um frasco de medicamentos para emergências oculares. Estes são apenas exemplos básicos de como podem chegar a ser irônicos e como podem perdurar no mercado alguns produtos tão dispares com a acessibilidade global.

fonte: Design Acessível

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