Mercado exige resposta rápida às mudançasA exemplo de toda a sociedade, a propaganda está passando por uma fase de transição fortíssima, por uma mudança que ninguém sabe dizer quando e se vai acabar. Como sabemos, transição é a definição que se dá a um período que começa e termina, não importa quando. Mas as tecnologias digitais provocam transformações tão profundas, que se pode precisar quando começaram, mas sabemos que nunca mais vão se encerrar. Vivemos a era da evolução semanal, diária, que está – e vai continuar – mudando o panorama do mercado com a mesma rapidez.
Neste cenário de transformações constantes, as agências estão – e não há como negar isso – atordoadas com as novas tecnologias da comunicação. Até o momento, suas ações sempre haviam sido pensadas a partir da criação. Mas agora elas são obrigadas a quebrar esse paradigma e passar a pensar tanto nas tecnologias, quanto nos conteúdos.
Acredite quem quiser, mas a internet, acessada pelo computador ou notebook, embora a pleno vapor, está ficando velha. Atualmente, mesmos os celulares mais simples já permitem a seu usuário usar a web, baixar aplicativos, músicas, utilizar as redes sociais. E isso tudo nos leva a mares nunca antes navegados. As mídias tradicionais – jornais, revistas, rádios e TVs – já se deram conta desta nova realidade e estão literalmente correndo para criar seus canais digitais. E os que têm visão perceberam que o mais importante são o conteúdo e a tecnologia. Quem poderia sequer imaginar a possibilidade de baixar no iPad uma revista semanal brasileira, porém comprada na Apple Store?
Mas há outros bons exemplos da velocidade com que as novas tecnologias estão mudando a propaganda. Quando os anunciantes se deram conta de que poderiam anunciar nos filmes das locadoras, elas já estavam ultrapassadas. Hoje, esses filmes estão disponíveis nos canais digitais.
Com tudo isso e neste cenário, em que os canais se proliferam rapidamente e diante das mudanças pelas quais passam os meios de comunicação, os profissionais e agências de marketing e de propaganda ainda estão buscando o melhor modelo de serviço para oferecer a seus clientes. Mas o que não se pode esquecer é que o foco do mercado mudou, hoje quem dá as cartas é o consumidor. A história mostra que, durante um bom tempo, a indústria determinava o que o consumidor iria comprar. Esse equilíbrio de forças mudou nos anos 50 até meados da década de 90, quando o varejo passou a centralizar esse poder como um influente intermediário entre a indústria e o cliente final. Atualmente, está acontecendo uma nova migração de poder, que agora está nas mãos do consumidor. Como nunca antes, o consumidor pode construir ou destruir marcas, ele elogia e critica. E também gera e consome seus próprios conteúdos.
Embora um tanto perplexas com tudo o que está ocorrendo, as agências estão antenadas com esse novo consumidor e buscam formas de chegar cada vez mais perto dele. Basta analisar o que ocorre no universo feminino e o lugar que as marcas reservam a elas. As empresas estão fazendo de tudo para ajudá-las em seus múltiplos papéis e tarefas do dia a dia. Os supermercados oferecem alternativas para elas fazerem compras pela web.
Os eletrodomésticos estão cada vez mais “inteligentes” e as operadoras de cartão de crédito já estão testando o celular como meio de pagamento. A televisão logo mais será totalmente interativa, permitindo ao telespectador, com o uso do controle remoto, assistir a um anúncio, interagir com a marca e em seguida adquirir o produto. Tudo para facilitar sua vida, até porque elas, as mulheres, como qualquer consumidor, estão mais “armadas” e evoluindo, bastante cientes de seu poder.
Assim, a comunicação do futuro está na mão de quem souber fazer a diferença. Essa diferença se traduz em conteúdo relevante e no diálogo com o consumidor, que quer ser ouvido, interagir, opinar e, até mesmo, colaborar na criação ou desenvolvimento de produtos e serviços. O consumidor sabe o que é melhor para ele.
Por isso tudo é que o desafio da propaganda não é, apenas e tão somente, entender as mudanças. O que precisa ser feito é estabelecer mecanismos constantes para que nos mantenhamos atualizados todos os dias.
A propaganda do futuro – e esse futuro, na verdade, já chegou – é aquela que vai ter de mudar diariamente. E mais do que isso, vai ter de colocar o consumidor no centro de suas ações. E quem pode trabalhar dessa forma? As agências que já operam com grandes centros de inteligência e informação sobre o consumidor, que conhecem profundamente seu comportamento, gostos, atitudes, hábitos.
Essa tendência é irreversível e vai ficar cada vez mais forte. Só sobreviverão nesse mercado as agências que criarem mecanismos para captar as mudanças em tempo real e convertê-las em ações criativas e relevantes em favor dos consumidores das marcas que atendem. É isso que vai fazer a diferença.
autor: Abaetê Azevedo
fonte: http://www.propmark.com.br/