Quem trabalha com mídias sociais já esteve diante do bendito relatório de métricas que precisa ser entregue ao cliente periodicamente. Mas será que ele representa fielmente a realidade?
Com mais frequência do que se gostaria, as tais métricas (ou os kpis – acrônimo que você nunca ouvirá ser pronunciado da maneira correta), terão sido impostas pelo cliente, pelo BI, pelo atendimento, pela pessoa que ocupava a vaga antes de você, pelo shuffle do seu iPod, mas nunca por você. Ok, “nunca” é uma palavra forte. Raramente por você.
Um dos grandes problemas da área é ser muito jovem. Poucos têm experiência suficiente para sustentar o temido título de gurus e suas variáveis igualmente criativas. E foram os primeiros a fazê-lo que criaram algumas das regras que passaram a ser seguidas pelos restantes.
Eles sabiam para onde ir, certo?
E assim ficou determinado que se deviam observar os RTs no Twitter, ou que um perfil com um milhão de seguidores era obviamente relevante, que os compartilhamentos eram o número mais relevante em termos de engajamento para um post no Facebook ou que tantos posts por dia eram o pacote ideal.
Apenas copiem aquela página e entreguem resultados semelhantes ou superiores.
Só esqueceram de combinar com os beques, né?
Infelizmente, não há fórmula mágica, porque, embora existam tantas ferramentas aí para medir o seu desempenho (mesmo que cada uma com suas próprias metodologias), que você precise cumprir determinadas “metas” pra que sua página desfrute de benefícios do Facebook (papo para outro texto) e muita coisa possa ser afirmada matematicamente como mais propensa ao sucesso, não podemos orientar nosso pensamento para as redes.
Precisamos, antes de tudo, entender que estamos lidando com pessoas. E alguém que gosta de A, quer ler seu conteúdo e saber mais a seu respeito, pode não ter o mínimo interesse em B. Por que trabalhar ambos da mesma forma, se os destinatários aqui podem não ter absolutamente nada em comum?
Cada público terá suas idiossincrasias, que influenciarão seu comportamento de consumo de conteúdo. Talvez tendam a comentar bastante, ou a só curtir, quem sabe compartilhem compulsivamente. E ainda assim, tudo estará sujeito a que tipo de conteúdo você publicar e até o que pretende com ele.
Quem nunca postou algo em seu perfil pessoal na expectativa de obter respostas e se viu apenas colecionando likes e pensando que seus amigos são mesmo uma porcaria por não entenderem o que você precisava?
Cada projeto demandará seus próprios kpis, esse é o primeiro passo a ser compreendido, junto com “não adianta copiar do colega”.
Agora explica isso pro shuffle do seu iPod, pro BI, pro atendimento, pro cara que ocupou o cargo antes de você (tá, pra ele não) e, ops, pro cliente, né?
Eu sei, não é fácil. Estamos propagando erros há tempos (mesmo com o mercado tão recente) e não é de uma hora pra outra que um analista de social media (ou um community manager, ou sei lá como batizaram o cargo onde você trabalha) vai convencer o povo de que os gurus estavam errados, que o mercado é dinâmico, que as coisas mudam.
Mas alguém precisa dar o grito e avisar que o rei está, de fato, nu.
autora: Fernanda Mota
fonte: http://webinsider.uol.com.br/