Você decide abrir sua tão sonhada empresa, já tem um dinheiro guardado, está montando o plano de negócios, viu o ponto, idealizou produtos, serviços, mercado… mas empacou no detalhe mais trivial da abertura de um negócio, o nome.
Particularmente, eu gosto do processo de criação de nomes de marca (naming). Envolve pesquisa, criatividade, curiosidade e uma boa bagagem cultural é bem-vinda. É um processo muito rico, fazendo empresas pagarem milhões para criar um bom nome global. Mas não é preciso tanto para criar um bom nome para sua empresa ou produto, basta seguir algumas diretrizes, ter bom-senso (essa é a parte difícil) e algum conhecimento.
Em qualquer aprendizado, os maus exemplos são tão importantes quanto os bons exemplos. Então, vou descrever três dos piores erros que você pode cometer ao criar o nome da sua marca.
Para mim, o pior inimigo de um bom nome é o gosto pessoal, e nome é algo muito pessoal. Portanto, nesse processo é importante ser o mais impessoal possível, o que é impossível, logo sempre existirá um pouco de personalidade e autenticidade, mas isso também é bom. O importante é não ser autoritário porque o mercado é democrático.
# 1 Palavras modificadas
Como alguém formado em comunicação e apaixonado por palavras, ver palavras sendo escritas de forma diferente me irritam. Principalmente em marcas. Como Gollden Foods, empresa cujo caminhão vi outro dia no trânsito. Antes fosse “Gooolden Foods”, ao menos teria um ar abrasileirado. Brincadeira!
Em 90% dos casos, isso acontece por mera questão de registro de marca — e preguiça de procurar outro nome. A pessoa quer aquele nome, mas ele já está registrado ou tem algo parecido; então, a pessoa resolve dar um “toque especial”. Aí troca “c” por “k”, acrescenta letra, subtrai letra, criando uma palavra nova, porém bizarra.
Por mas que existam bons exemplos, evite esse erro a menos que tenha relação com o seu negócio. Um bom exemplo é vem de uma empresa que conheci outro dia “Kero – utilidades”.
#2 Nomes próprios
Pior do que modificar palavras, é colocar seu nome negócio. E pior ainda se for o primeiro nome, como Emanuel papelaria.
Moro em uma cidade de colonização italiana onde existem muitos sobrenomes diferentes, até legais para um negócio. O grande problema de colocar seu sobrenome no negócio é que você não é o único no mundo (se você for o único no Estado, pode arriscar). Por exemplo, você abre um mercadinho “Pagliarin”, então algum tempo depois o seu primo resolve abrir uma revenda de carros e adivinha? “Pagliarin automóveis”. Para piorar, a sua irmã arquiteta pretende abrir uma empresa de móveis projetados e decidiu aproveitar a boa reputação do nome do seu, agora, supermercado. Que confusão!
Isso não é ficção, acontece bastante onde moro. Nem uma marca vai ser forte se houver clones por perto. Marca é para ser algo único ou ao menos raro (veja as lojas Marisa, apesar de cometer este pecado, é um nome incomum. Magazine Luiza já nem tanto, mas são empresas que estão no mercado há muitos e muitos anos. Mesmo assim, não são nomes fortes). Nomes próprios podem gerar desgaste, tornar-se algo comum, a reputação do outro pode afetar a sua, e por aí vai. Se você quer criar uma marca realmente forte, evite nomes próprios. A menos que você consiga domar toda a sua família, e isso é muito mais difícil do que procurar outro nome.
#3 Estrangeirismo exagerado
Embora pareça atraente a ideia de colocar um nome em inglês, é bom evitar. “Pretty Jet” soa legal, mas vivemos no Brasil, falamos português, estamos rodeados de irmãos que falam espanhol, e apenas a minoria dos brasileiros consegue pronunciar sem constrangimentos.
Mas cada negócio é um negócio. Para um café mais requintado, cai bem uma expressão francesa. Para um energético, cai bem em inglês. Mas não cai bem colocar Central Business no nome de sua agência de publicidade, ou Pretty Jet em uma loja de banheiras. Dê preferência a nomes em português ou que tenham relação com o setor (cafés franceses, móveis italianos, Arinos americanos), mas lembre-se, nada disso é regra. Se você gostou realmente de um nome e sente que tem que ser esse, vá vem frente. Só não escolha o primeiro que aparecer, ele quase sempre é o pior.
autor: Sylvio Ribeiro
fonte: Pequeno Guru