Em um momento em que inúmeras crises teimam em persistir, sejam as da empresa ou do mercado (que afeta diretamente algumas organizações), não adianta tanto esforço imediatista se a empresa não souber, realmente, por onde começar a trabalhar para enfrentar e sair desse sufoco momentâneo (ou duradouro).
O grande problema é que as empresas, de maneira geral, estão começando pelo “lado errado”. Não conseguem fazer análises de cenários ou não estão preparadas para mudanças bruscas.
Dedicam-se, cada vez mais, a entender (cada vez menos) o mercado, ou seja, o que os clientes querem comprar, além do produto que a empresa está venden do; como estão os concorrentes; o que diz, pensa e faz a comunidade; como os pais se comportam; quem são os alunos de hoje e o que eles querem; o que mudou nos contextos macro-ambientais (economia, tecnologia, cultura, demografia, etc.).
Todas essas vertentes são de grande importância e têm que ser observadas, como sabem os hábeis gestores e profissionais de marketing. Conhecer todas essas variáveis é uma lei de mercado, principalmente quando as mesmas passam a ser trabalhadas dentro de um bom planejamento.
É óbvio que é importante perceber qual a imagem que a comunidade tem em relação à organização, como a empresa interage (ou poderia interagir) com as pessoas que estão em seu entorno. É importante atentar, inclusive, que com o advento das novas tecnologias, o entorno das empresas passou a ser o mundo.
É imprescindível observar os concorrentes, mesmo que a sua empresa esteja à frente deles em market-share (participação de mercado). Essas empresas que militam no mesmo segmento, ou em outros, podem ter soluções simples que, caso sejam bem adaptadas, trarão uma orientação para o enfrentamento dos problemas que se desenham na escola atualmente. Tom Connellan, em seu livro “Nos bastidores da Disney”, já alertava que “concorrente é qualquer empresa que o seu cliente o compara”.
São diversos pontos de ação de grande importância, já que esses (e outros) stakeholders (grupos de interesse) precisam ser entendidos e bem trabalhados. Porém, as organizações precisam descobrir que o “lado certo” do negócio não é ater-se simplesmente aos movimentos externos. Mesmo em pleno funcionamento, a empresa tem que rever as suas ações prioritárias. E não dá tempo de esperar o “tempo” certo.
O “lado certo” pode ser o de dentro. Buscar entender a organização, como ela está hoje, o que ela respira, quais são os aliados que ela tem, por que alguns funcionários são ou estão apáticos (não apenas aos olhos da direção, mas aos olhos de toda a corporação: que deixa de ser um grupo e passa a ser o todo).
É preciso descobrir que significado tem, para as pessoas de dentro, a missão e a visão da empresa. Se é que a empresa as tem. É importante avaliar o quanto os funcionários se vêem nos valores da organização. É urgente identificar o que a organização representa para quem está dentro dela, ou melhor, quem a faz, quem a constrói, quem edifica e sustenta (ou o contrário, também) a sua imagem corporativa.
Para a organização conseguir sobreviver ela tem que investir tempo e competência em sua identidade organizacional (no que ela realmente é), para saber quais são suas fortalezas para poder sobreviver a crises mundialmente impactantes ou regionalmente localizadas.
O ciclo de vida dos clientes na empresa pode não durar muito tempo, pelo “simples” fato da empresa não conseguir se enxergar e se posicionar de maneira estratégica. E esse processo tem início internamente. Ele é que direcionará, em muitos aspectos, a leitura que os diversos públicos externos terão da empresa.
Na turbulência mercadológica em que vivem as instituições, que experimentam a diminuição de crédito, em um cenário de crescimento da concorrência, além de um olhar crítico por parte dos clientes e a pressão por parte da sociedade, só sobreviverá quem for forte na sua essência, e não na sua aparência.
Porque, para que suas ações sejam sustentáveis, a organização tem que burilar, de maneira efetiva, o seu âmbito interno. E isso é algo para quem é estratégico, que pensa a organização, pois o tempo de atender, antes de entender, já se foi. O pior é que alguém da sua organização pode não ter entendido isso.
autor: Flávio Tófani
fonte: http://www.mundodomarketing.com.br