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Para que, afinal, estudar fora do país?

Muita gente procura um curso complementar no exterior. O investimento vale mesmo a pena?

Como sou professor universitário, freqüentemente sou abordado por alunos em busca de informações sobre bolsas de estudos e cursos no exterior. Não que isso me surpreenda, afinal eu também fiz um curso fora do país assim que me formei (e, se não me engano, meu amigo Michel Schwartzman fez algo parecido). Ter contato com outras culturas é sempre interessante e, sem dúvida, fator importante para o amadurecimento de qualquer um. O que questiono é se, hoje em dia que a internet facilitou o acesso de muitos ao conhecimento – de Amazon.com a Google Scholar – o investimento de mudar de país para estudar ainda se justifica.

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Vamos deixar uma coisa bastante clara: sei que todo mundo gosta de viajar e que a ex¬periência de viver em cidades como Paris, Londres, Nova York, São Francisco ou Barcelona é fascinante. Isso não se discute. Também não pretendo questionar a validade de um bom curso de imersão em qualquer língua, nem o enriquecimento de currículo que qualquer ex¬periência internacional proporciona. A questão não é essa. O que se discute aqui é a validade do aprendizado e, sob esse aspecto, todos os argumentos anteriores, por mais nobres que sejam, nada mais são que excelentes desculpas.

Digo isso porque dou aulas na Universidade de São Paulo e vejo constantemente entre muitos de meus brilhantes alunos um certo ar de decepção pelo simples fato das coisas não serem tão exatamente perfeitas como eles desejavam. Afinal de contas, a USP é uma repartição pública, com todos os defeitos comuns a instituições desse tipo. Por mais que muitas escolas busquem ter em seus quadros o máximo possível de excelência, é sempre bom ter em mente que existem cursos, aulas, professores e alunos bons e ruins por toda a parte. Em outras palavras, não é o fato de o Japão ser um país de tradição gráfica e ter uma cultura que valoriza o ensino que o isenta de politicagens, picaretagens e desatualizações; tampouco os anos de histórias de universidades como Harvard ou Columbia as livram de más experiências.

Todo mundo, em algum momento da vida, já ouviu que o que faz um bom curso é o aluno, não o professor ou o programa. Por mais que esse argumento pareça uma justificativa para quem não fez uma boa escola, em tempos digitais ele está mais certo do que nunca. Por mais qualificados que sejam os professores, o máximo que podem fazer é transmitir alguns conceitos técnicos e despertar em seus alunos o espírito inquieto de pesquisa e inovação. O resto é com eles.

Muita gente acha que, ao passar nas provas de seleção e se matricular em um novo
curso, seus problemas terminaram. Sinto dizer que é exatamente o contrário – esse é o momento em que a parte fácil acabou. A partir do primeiro contato com o professor, a bola estará para sempre com você. Ele pode até indicar livros, sugerir trabalhos e avaliar materiais, mas cabe a você transformar essas dicas em algo pessoal, produtivo e eficiente.
Sob esse aspecto, a internet é um livro aberto. Aliás, uma biblioteca completa. A quantidade excessiva de con¬teúdos disponíveis facilita e desorienta qualquer um. O que ler, já que não dá para ler tudo? Como selecionar? Sinto muito, mas não é um professor que vai resolver essas dúvi¬das para você. Se você discorda, considere a forma com que escolhe suas músicas prediletas, ou até mesmo seus amigos. De todas as opções oferecidas, algumas agradam mais. Examinadas a fundo, levam a pequenas decepções, grandes alegrias e um intenso aprendizado. Com sua ex¬periência profissional não é diferente.

Por mais que o convençam do contrário, o diploma lá de fora não garante ninguém. Pode até impressionar em um primeiro contato, mas quando se fala de design grá¬fico, o portfólio costuma contar muito mais que as salas de aula. Além do mais, não pense que será fácil trabalhar fora do país – mesmo que não houvesse o preconceito contra estrangeiros (acreditem: ele existe e não é nem um pouco disfarçado quando se trata da manutenção de pos¬tos de trabalho), você sempre será um gringo em terra estrangeira. Como não nasceu por ali, diversos elementos sutis da cultura do país serão estranhos para você, o que certamente tornará seu trabalho menos eficaz.

Em resumo, antes de pensar se deve torrar algum dinheiro para passar alguns meses em uma escola sueca de design, considere gastar US$ 1000 em livros na Amazon. Grandes são as possibilidades de metade deles não prestar. Os outros, no entanto, serão outros quinhentos. Com o resto do dinheiro você sempre poderá fazer um pouco de turismo pelo país que quiser.

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fonte: Revista Webdesign
autor: Luli Radfahrer

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