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Milhares de pequenos negócios saudáveis e excluídos

Numa noite dessas, navegando pela rede, tive o prazer de assistir a uma entrevista com o colega de profissão Michel Lent Schwartzman para uma tv online. Esse rapaz, com sobrenome difícil, que soa alemão (apesar dele ser carioca legítimo), é um dos mais antigos webdesigners do País. Falando assim parece até que ele é um velho gagá, mas na internet 12 anos de carreira é bastante coisa.

Michel tem apenas 36 anos e um currículo bem extenso: Agency.com, EURO/RSCG, Medialab, DM9DDB e hoje é diretor da 10?minutos, uma das principais agências interativas do Brasil.

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Na entrevista, Lent abordou assuntos relacionados a publicidade online, ao mercado, a internet atual e projeções para o futuro. Fiquei ali assistindo, vendo o entrevistado e os entrevistadores falando tantas palavras inglesas como expertise, job, target, interactive, web standards e outras firulas que soam bonito.

Em determinado momento, Michel mostra o quanto é barato realizar uma campanha pela internet, quando comparado com a mídia tradicional. Cita alguns valores como referência, dizendo que com 80, 100, 200 mil reais dá pra fazer uma boa campanha e que de fato um valor como esse seria irrisório para uma campanha em meios como TV, rádio e outdoor. Revela ainda que o foco de sua empresa está justamente aí, no médio empreendedor.

Sobre as pequenas empresas que podem investir de 5 a 10 mil reais, ele dá algumas soluções para aquele que quer se destacar na internet como por exemplo o Google Adwords e seus links patrocinados.

É sobre esse médio e pequeno empreendedor que quero abordar nesse artigo. Muitos webdesigners chegam para mim e perguntam: “Bruno, quanto devo cobrar? Quanto?”. Vejam aí o que nosso amigo Michel disse. Um médio empreendedor pode investir até 200 mil reais numa campanha incluindo hotsites, banners e idéias criativas. Percebam que o mercado dele está concentrado no eixo São Paulo – Rio. Agora levanto a seguinte questão: será que uma média empresa de Roraima, Piauí ou Tocantins teria 200 mil reais para investir em publicidade online?

Respondo: não.

Esse Brasil, de tamanho quase continental, concentra grandes disparidades. Uma delas é essa, as disparidades de mercado. Vamos visualizar alguns números. Segundo o IBGE, em 2005, 39 milhões de brasileiros acessaram a internet. Apenas 18,6% da população tem computador em casa. Sendo 13% apenas tem acesso a internet.

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Agora só para se ter uma idéia, em 2000 esse número era de 8%.

Sabe o que isso quer dizer? Que com o barateamento dos computadores e ao acesso a internet teremos a sua massificação. E tem mais, internet já fugiu dos limites do monitor e já é cada vez mais presente em celulares, aparelhos estes cada vez mais baratos.

O rumo é certeiro: em breve teremos tantas pessoas conectadas na internet que chegaremos a mais de 100 milhões de brasileiros.

Agora, o que fazer com aquele empreendedor de Roraima, que lá é tido como um médio empreendedor, mas pelas disparidades econômicas não tem 200 mil para investir? E aquela panificadora do meu bairro, que com a popularização da internet já encontram seus clientes pela rede, porém não tem ninguém qualificado disposto a fazer um bom site ou uma boa campanha publicitária online por 2 mil reais? O que ele deve fazer?

Será que estamos criando uma enorme contingência de pequenos empresários que querem estar na internet mas não tem como? Do que adianta links patrocinados se o site a qual está linkado de nada serve, por tão mal feito que é?

É fato, o que tem mais nesse país são pessoas de baixa renda (jeito bonito de dizer “pobres”).

Existe sim gente querendo investir em internet fora de São Paulo. De Fortaleza a Caxias do Sul, de Cuiabá a Salvador, existe uma quantidade enorme de pessoas desejando entrar na web de maneira decente, confiável e promissora mas não encontram agências e profissionais capazes de atendê-los por um valor compatível a sua realidade.

Ferramentas como Joomla, Xoops, WordPress e outros CMS semelhantes chegaram com a promessa de democratizar o acesso a ferramentas poderosas de edição de sites que antes somente grandes empresas tinham a capacidade financeira de possuir. Mas quem já teve a oportunidade de encarar um CMS sabe que mesmo assim existem dificuldades principalmente para um leigo. Fico imaginando o dono da padaria do meu bairro tentando criar um site com o Joomla. Complicado. Inevitavelmente ele precisará de alguém para ajudá-lo.

E os templates prontos? Outra tentativa de democratizar esse acesso, disponibilizando bonitos layouts para aqueles que não tem como investir em layouts próprios. Resultado: sites iguais, sem personalidade, indo contra a maré da personificação como diferencial de mercado. Ponto negativo para imagem da empresa, sendo percebida apenas meses depois do site ir ao ar.

Então, é isso o que vejo. Milhares de excluídos, donos de pequenos negócios, que dão certo no meio offline mas no online não conseguem ter acesso por falta de um bom trabalho por valores compatíveis.

Péssimos profissionais que vendem sites ruins por 100, 200 reais, sabemos que existem aos montes. Mas bons profissionais com boas soluções para esses pequenos empresários? Difícil de encontrar.

Aqui fica a polêmica. Sei que muitos irão dizer que o bom profissional deve cobrar caro mesmo pois é merecido. Outros vão dizer que o mercado está prostituído. Alguns vão falar ainda que há bons profissionais cobrando valores módicos e outros dizendo que se não tem dinheiro para pagar, que fique fora da internet.

O objetivo desse artigo não foi responder mas provocar. Pensem no que disse, tire suas conclusões e se possível reparta com a gente. Estamos todos no mesmo barco e esse tipo de discussão só vem a somar. Pelo que se viu, na internet, existe muita vida fora da Av. Paulista.

Para o alto e avante!

autor: Bruno Ávila
fonte: Estrategista

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