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Entenda quando vale a pena ser seu próprio patrão


ilustração: www.weno.com.br/blog

Vontade de empreender leva recém-formados a sonhar com seu negócio

Sabia que há muita gente talentosa que se forma na faculdade e não consegue arrumar emprego?O desemprego leva muita gente a optar por trabalhos free-lancer, mas existe também uma fatia que decide caminhar com as próprias pernas numa carreira solo ainda nos primeiros passos da vida profissional. Embora a decisão de ser seu próprio patrão pareça simples de se tomar, ela requer uma série de cuidados. Segundo especialistas, é preciso avaliar muito bem se é realmente a hora de apostar nesta idéia.

Segundo o professor de Empreendedorismo da Unesp (Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho), Dionizio Paschoareli Junior, o mercado de trabalho mudou consideravelmente nos últimos anos. “A idéia de conseguir um emprego numa empresa e nela se aposentar não existe mais. Então, o risco de ter o seu próprio negócio ou ir para o mercado de trabalho, para os estudantes, parece praticamente o mesmo”, explica. No entanto, a decisão não pode ser pautada somente na vontade de se livrar do chefe ou de conseguir dinheiro para pagar as contas no final do mês. Quem pretende ser independente precisa estudar muito. É fundamental avaliar o potencial de mercado em que se pretende ingressar, a concorrência, sua capacidade de inovação e, afinal de contas, se perguntar: por que minha idéia pode ser bem sucedida?

Para quê tanto estudo?

De acordo com dados de janeiro de 2004 de pesquisas realizadas pelo Sebrae (Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas), 470.000 micro e pequenas empresas são criadas a cada ano, mas praticamente a metade delas, 49,4%, fecham as portas antes de completar dois anos. Entre os principais motivos dessa alta mortalidade estão a falta de capital de giro, endividamento, despreparo na gestão do negócio e desconhecimento do mercado. Se levarmos em consideração que as micro e pequenas empresas representam 99% do total das 5,5 milhões de empresas que existem no país e empregam um contingente de 26 milhões de trabalhadores, falamos de 56% da força de trabalho do Brasil. Daí a importância em diminuir a mortalidade das Pequenas e Médias Empresas.

Portanto, antes de pensar em abrir um quiosque de coco na praia, uma banca de jornal ou uma casa lotérica, o jovem empreendedor precisa identificar como seu potencial intelectual adquirido na graduação, além do conhecimento específico que possui, podem ser diferenciais competitivos na hora de tirar a idéia do papel. Quem entende do assunto recomenda que o empreendedor em potencial se faça cinco perguntas básicas: Qual a oportunidade que tenho? Como vou satisfazer essa oportunidade? Por que eu sou capaz de desenvolvê-la? O que será preciso para vendê-la? Ela terá rentabilidade e lucratividade? Se as respostas sinalizarem que vale a pena seguir em frente na idéia de ser seu futuro patrão, arregace as mangas e ponha mãos à obra.

Da sala de aula para o mercado

Assim que saiu da faculdade, o administrador de empresas formado pelo Ibmec São Paulo, Rodrigo de Oliveira Marques, arriscou e fundou com outros cinco colegas de classe uma empresa especializada em organizar eventos. Num primeiro momento, o empreendimento apenas engatinhava, então Marques complementava a renda com trabalhos paralelos, e ao mesmo tempo se esforçava para que seu negócio também crescesse. “Perdi muitos feriados, finais de semana e passei noites em claro, mas valeu muito a pena”, comemora.

Hoje, Marques não precisa mais trabalhar em outros locais. Já consolidada, a empresa lhe rende mensalmente mais que o dobro do que recebia quando ainda era empregado. “Trabalhei em grandes empresas, como a Coca-Cola, por exemplo, aonde cheguei até o cargo de gerente. Minhas experiências em outras companhias me ajudaram muito, mas não tenho dúvidas de que o melhor local para aplicar o conhecimento que obtive na universidade é na minha empresa”, afirma.

E se não der certo?

Ainda que você tenha investido ao máximo, é possível encontrar imprevistos no meio do caminho. Cabe a você, vencer os obstáculos para conseguir levar seu negócio adiante, mesmo quando tudo parece perdido. “O verdadeiro empreendedor sabe lidar com resultados ruins e recomeçar. Ainda que seja preciso trabalhar em outro local para se recuperar, ele fará isso e logo tentará mais uma vez”, afirma o professor de empreendedorismo da Unesp, Paschoareli Junior.

É o caso do psicólogo formado em 2004 pela Uni-A (Centro Universitário de Santo André), Evandro Moia Martins. Ao concluir a graduação, Moia se uniu a outros cinco colegas de classe para montar um consultório. O negócio ia bem, mas ao final do primeiro ano, três sócios optaram por abandoná-lo por questões pessoais. Além disso, chegou ao fim o contrato com a imobiliária dona do imóvel onde estava localizado o consultório. A perda dos parceiros e a falta de tempo e dinheiro para encontrar outro ponto comercial viável, inviabilizaram a continuidade dos trabalhos. “As duas sócias que restaram e eu tínhamos trabalhos paralelos. Com isso, ficou impossível divulgar nosso consultório e, portanto, continuar o trabalho”, relata.

Contudo, Martins também se responsabiliza pelo insucesso. “Creio que se tivesse feito mais cursos, estágios ou participado de palestras e eventos sobre como montar um consultório talvez tivesse obtido um resultado melhor. Acomodado com o salário e a posição que ocupava em uma grande companhia de energia elétrica como eletricista de rede, não me preocupei em ir atrás destes conhecimentos”, lamenta ele.

Hoje, a carreira de psicólogo foi deixada um pouco de lado para que Martins possa bancar as contas da casa e o sonho da esposa de concluir a graduação em Direito. “Procuro fazer meu trabalho da melhor forma possível. Graças a ele, consegui cursar minha faculdade e garantir o sustento de minha família. Além disso, prometi para minha esposa que quando terminasse meu curso a ajudaria a pagar seus estudos. É muito bom poder realizar seu sonho”, ressalta. Apesar de tudo isso, Martins não desiste da idéia de ter seu próprio negócio. “Se tivesse a oportunidade de me aperfeiçoar e ter meu consultório, sem dúvida, tentaria de novo”, conclui.

Guia do empreendedor (informações complementares super úteis)

Como abrir uma empresa
Como montar um plano de negócios
Como lidar com investimentos
Como encarar o “leão”

fonte: Universia

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