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Dizainer o quê?

A recepcionista leu o nome no cartão e soletrou: d-e-s-i-g-n-e-r. Olhou espantada para o moço de aparência tão normal que podia ser confundido com um engenheiro, um arquiteto.
– O senhor designa alguma coisa? – perguntou.
– Designo sim. Computadores, lanternas, relógios de ponto e até vasos sanitários.
A moça se sentiu alvo de piadas, fechou a cara e anunciou o designer pelo nome
– Pode mandar entrar o dizainer – mandou o chefe.
A recepcionista olhou de esguela para o rapaz na saída. Mas já no dia seguinte ele estava de volta, acompanhado de mais dois.
– Quem são esses caras – perguntou ela à secretária do chefe.
– São a equipe que vai bolar as novas máquinas. E também as embalagens e preparar o kit de montagem nas feiras.
Sem perceber, aportuguesando a pronúncia, a recepcionista conseguiu entender o sentido daquela profissão. Os que designam, projetam, programam o futuro. E materializam seu trabalho em desenhos, quando praticam o design gráfico ou a programação visual e também em modelos tridimensionais, ao projetar produtos.Como explica o Novo Dicionário Aurélio: Design – concepção de um projeto ou modelo; planejamento. Designer – indivíduo que planeja ou concebe um projeto ou modelo. Mestre Aurélio não deixa de citar seus sinônimos: desenhista industrial ou de produto e programador visual. Porque no Brasil de trinta anos atrás a expressão cunhada para traduzir design foi desenho industrial, intitulada pela primeira escola universitária do ramo, a ESDI carioca.

Hoje, as associações profissionais adotam o design como nome, para alívio de seus participantes, confundidos por muitos anos com os desenhistas formados es escolas técnicas de 2º grau, onde o desenho industrial se resume à representação visual de projetos para fabricação. Aliás, a mudança da nomenclatura da profissão foi objeto de vários encontros de docentes e profissionais que rebatizaram sua atividade respeitando as palavras já consagradas e entendidas em todo o mundo: design industrial e design gráfico.

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Mas a confusão sobre a nomenclatura dessa profissão ainda jovem e incompreendida não pára por aí. A palavra design popularizou-se com conteúdos que estão longe de retratar o alcance da atividade. Muitos cabeleireiros chiques passaram a denominar seu ofício de hair design; costureiros preferem atender pelo pomposo nome de fashion designers. Ou seja, cada vez mais confunde-se design com aparência. Fala-se em design de um automóvel ou de uma caneta pensando-se apenas em sua exterioridade, como se o designer fosse um esteticista de plantão, chamado a dar os retoques finais num rosto de cuja concepção ele não participou.Design, no entanto, é uma palavra que remete à criação original. Em inglês, a expressão “argument for design” é o argumento da existência de Deus baseada na evidência do design na criação. Design é desígnio, projeto. No entanto, a versão do designer como maquiador se ampara, mais do que nas trilhas morfológicas da língua, na prática que durante muitos anos dominou a indústria americana onde ao departamento de design cabia o styling, exatamente o make-up final dos produtos.

No Brasil, mesmo gente muito bem informada troca design por designer, esquecendo que designer é o profissional do design, assim como baker é padeiro e bake assar, worker é trabalhador e work é trabalho, etc. Não adianta. Por mais anos de Cultura Inglesa que o cidadão tenha em seu currículo, não é difícil ouvir deslizes do tipo o designer dessa minha cadeira é genial.

Os profissionais já se acostumaram e ouvem os barbarismos com bom humor. Eles sabem que o cidadão se referiu ao design da cadeira e não ao autor dela. Mesmo porque são ainda poucos os produtos assinados. Na área de móveis começa a ficar comum o “design by”. Mas à nossa volta existem milhares de produtos de pais desconhecidos, o que, se para alguns expressa o não reconhecimento social da profissão, para outros é apenas a contingência do mundo industrial povoado de objetos, muitos deles fruto de criação coletiva, ou redesenho do desenho de antigos produtos.

O importante do reconhecimento, segundo muitos profissionais, não é a assinatura como marca artística, mas a incorporação do bom design a tudo que nos cerca.

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Uma resposta

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  2. Olá, meu nome é Estela (estou na lista do Marco Terra no Orkut, caso queira me encontrar). Li seu texto sobre “Dizainer”. Sou estudante de Design Multimídia (apesar da própria faculdade chamar o curso de Designer Multimídia).
    Você comenta sobre o Design (ou Desenho) Industrial, Design Gráfico e Web Design em seu blog. Gostaria de saber se conhece algo sobre o Design de Multimídia, que é uma nova profissão que está surgindo.
    Obrigada,
    Abraços,
    Estela Trindade

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