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Porquê não concordar com a regulamentação da profissão de designer

[ TEXTO ESCRITO/PUBLICADO EM 2006 – No caso de dúvidas ou discussões favor procurar o autor citado ao final do texto ]

Em 2003, pelo menos dois projetos de lei a favor da regulamentação da profissão de designer caíram no conhecimento dos profissionais da área: um do Sr. Carlos Nader e outro do Sr. Eduardo Paes. O projeto do Sr. Nader, na verdade, foi um grande equívoco em todos os sentidos, pois tratava, segundo seu próprio texto, de “regulamentar o exercício profissional de Web designs (sic), e dar providências”. Já o projeto do Sr. Paes é mais consistente, não se perde em erros classificatórios e pode ser considerado de uma grande boa intenção.Com todas estas propostas, porém, há uma dúvida a respeito de tanta mobilização: a quem realmente interessa a regulamentação da profissão de designer? Ao cliente, diria uma boa parte; ao designer, diria outra parte mais corajosa. Entretanto, uma coisa é certa: boa parte dos profissionais de design alega que somente aos profissionais não formados, aos intrusos e aos chefes interessa a não regulamentação.

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Se observarmos pelo lado do cliente, certamente ele é o que menos se favorece disso. Regulamentar a profissão restringe o leque de opções que ele tem para contratar aquele profissional que melhor se enquadra em suas possibilidades. Se este é renomado ou medíocre, isto não é escolha do Estado, e sim do cliente. Cada um faz de seu dinheiro e de sua imagem o que bem quiser, pois isso é direito do ser humano. Ao Estado cabe somente supervisionar aquelas profissões que coloquem a população em risco, e todos sabemos que, apesar de tudo, o design não faz parte deste âmbito.

Não regulamentar o exercício da profissão de designer gera a livre concorrência, levando o cliente a contratar quem ele QUER e PODE contratar, e faz também com que o designer procure oferecer serviços cada vez melhores e diferenciados, não caindo na acomodação. Essa sadia competição acaba por dissolver os maus profissionais, não por uma questão de profissionalismo, mas por uma questão de qualidade. O monopólio não é só prejudicial ao cliente mas ao design em si, pois o designer, levado pelo conforto de ter a lei sobre seus ombros, não tem motivos para realmente propor nada novo.

Ter o exercício do design amparado pela lei é como tomar um analgésico: cura os sintomas, mas não trata a doença. Se o problema são os trabalhos de má qualidade oferecidos pelos famosos “sobrinhos”, nem a regulamentação nem a formação universitária vão dar jeito nisso, pois restarão os “sobrinhos com diplomas”. Por outro lado, se o problema são os preços altamente infames praticados por eles, torna-se um ciclo: como a maioria dos clientes (lembrando que estamos no Brasil, berço de uma das maiores economias informais do mundo) escolherá o profissional adequado? Sim, pelo mesmo motivo que escolhem médicos, advogados, dentistas e micreiros: pelo preço. Isso gera uma redução de preços até que os próprios designers, agora regulamentados, farão a mesma coisa que os pobres sobrinhos: brigar pelo preço, e não pela qualidade.

Ou seja, não vamos jogar todos nossos problemas em cima dos coitados.

A questão do diploma

Segundo a ementa da regulamentação, somente serão reconhecidos como designers aqueles que tiverem concluído um curso superior na área ou aquele que comprovar mais de 5 anos de atividade profissional. Isso nos leva a concluir que é de mesmo peso e valor 5 anos de atividade profissional e 4 anos de faculdade. Ou seja, por pior aluno que eu seja, eu valho mais que 5 anos de atividade de um bom profissional.

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“É só aumentar a quantidade de tempo de atividade”, diriam alguns. A coisa fica muito pior neste caso, pois agora o meu mérito de ter cursado 4 anos de uma faculdade qualquer é equiparado a 10 anos de atividade profissional. Portanto, se um designer não formado tem 5 anos de atividade (logo, ele está fora da regulamentação), fica muito mais fácil entrar em uma faculdade e ter a sua vida acadêmica de 4 anos mais valorizada que os 5 de profissão. Sem contar que ele ganha um ano inteirinho para tirar férias (5 de profissão + 4 de faculdade = 9. Um ano a menos do que 10 anos propostos).

Resumindo, voltamos à boa e velha venda de diplomas, que substitui a competência por um pedaço de papel. O que era ruim, pode ficar pior ainda.

Em outras palavras

O que a regulamentação propõe é um comum acordo entre o Estado e uma corporação de trabalhadores para que não haja o livre acesso ao mercado de trabalho, vendendo uma espécie de “passe” para se trabalhar. Ora, na escola aprendemos que o nome disso é FASCISMO.

Tratar os micreiros como inimigos e pedir a intervenção do Estado para aniquilá-los é uma forma desonesta e ineficaz de se tratar o problema. Alivia-se a dor, mas não cura a doença. Os micreiros têm o mesmo direito de estar em atividade do que o cabeleireiro, a manicure, o pipoqueiro e o cozinheiro. Afinal, você só usa os serviços de profissionais regulamentados e bem formados? Seria vantajoso para você – que também é um cliente – ser obrigado a cortar seu cabelo apenas em salões caríssimos, porém regulamentados por um conselho profissional?

Se o esforço que se tem tentando mudar a lei fosse empregado para criar associações mais sérias, que realmente representassem os designers, a situação seria outra. Há uma grande comoção em se mudar a situação do design brasileiro, mas pouquíssima disposição para arregaçar as manguinhas engomadas e fazer alguma coisa. Se quisermos olhar pro nosso próprio umbigo, façamos de forma justa, pois precisamos de organização, e não regulamentação. Defender esta idéia não é estar do lado dos invasores, é estar do lado da liberdade. Ou a palavra “PROFISSIONAL LIBERAL” não pressupõe LIBERDADE?

autor: Rafael Frota
fonte: aguarras – http://aguarras.com.br/

Dica de : Fabricio von Seehausen
Gostaria de agradecer o Fabricio pela dica da matéria, e dizer pros visitantes deste blog que queiram participar sugestionando matérias que se encaixem no contexto deste blog ou até mesmo mandando a sua matéria, vá até DIVULGUE IFD (na lateral direta do blog), lá você vai encontrar o email para mandar suas sugestões de materias 😉 publicarei com o maior prazer e logicamente dando créditos aos autores e sempre citando a fonte das matérias. =)

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24 respostas

  1. CONTINUA APÓS PUBLICIDADE
  2. Daniel Nishiwaki – rs – realmente esta discussão é eterna … ah e não se sinta só, pessoal quase não se prende a datas de publicação antes de ler um texto.

  3. Daniel Nishiwaki Humm não estava sabendo deste compartilhamento :/ recebi antes de ver seu comentário um email estranho sobre "associação" e acho que também a pessoa se referia a este texto.

    Enfim, obrigada pelo toque e pela visita aqui no blog 😉

  4. Iris Freitas Duarte ok Iris kkkkk eu não vi mesmo, alguns designers estão compartilhando o texto nas mídias sociais, acho bacana ter algum aviso mesmo, bem que eu vi que estava muito absurdo os argumentos e não batia com o atual projeto. Obrigado pelo esclarecimento!

  5. Daniel este texto é de 2006, creio que você não se atentou a isso, 8 anos atrás o cenário era outro e as questões eram outras. Caso queira conversar com autor sobre o texto sugiro que entre em contato com ele, o nome e a fonte dos textos publicados neste blog são sempre citados ao final dele.

    ps.: vou aproveitar e colocar um aviso no começo do texto para os mais desatentos.

  6. Desculpem mas esse texto está totalmente equivocado, “Regulamentar a profissão restringe o leque de opções” o projeto de Regulamentação em questão não faz nenhum tipo de reserva de mercado, pois é proibido em constituição, ou seja, não impedirá ninguém de desenhar, a empresa poderá contratar quem quiser, o “sobrinho que desenha” única coisa é que contratando um designer esse será responsável sob o projeto, outro argumento “profissões que coloquem a população em risco, e todos sabemos que, apesar de tudo, o design não faz parte deste âmbito” sou designer de produtos e sei que um produto mal projetado, seja um cadeira ou um automóvel podem causar sim riscos, LER, lesões, etc, ninguém aqui viu o tombo ao vivo da Ana Maria Braga na Globo numa cadeira de 3 pés? ou sente dores sentado em uma cadeira mal projetada, ou sente o carro instável em uma curva por não ter uma forma que favoreça? está se referindo a uma área de design especifica nesse texto ou todas?

    Já que a autor critica a classe que não existem Associações sérias gostaria de saber o que ele está fazendo pra mudar isso, que Associação ele é associado e participa e tenta fazer algo pela classe do designer? Ou qual ele participou e evidenciou essas acusações? Vi textos bem melhores criticando a Regulamentação esse nem se eu fosse contra concordaria…

    1. Já que você usou tanto o box do FB como o box de comentarios tb responderei você bos dois:

      “Daniel este texto é de 2006, creio que você não se atentou a isso, caso queira conversar com autor sobre o texto sugiro que entre em contato com ele, o nome e a fonte dos textos publicados neste blog são sempre citados ao final dele 🙂

      Boa Sorte!

      ps.: vou aproveitar e colocar um aviso logo no começo do txt para os mais desatentos.”

    2. Já que você usou tanto o box do FB como o box de comentarios tb responderei você nos dois:

      “Daniel este texto é de 2006, creio que você não se atentou a isso, 8 anos atrás o cenário era outro e as questões eram outras. Caso queira conversar com autor sobre o texto sugiro que entre em contato com ele, o nome e a fonte dos textos publicados neste blog são sempre citados ao final dele 🙂

      Boa Sorte!

  7. Desculpem mas esse texto está totalmente equivocado, "Regulamentar a profissão restringe o leque de opções" o projeto de Regulamentação em questão não faz nenhum tipo de reserva de mercado, pois é proibido em constituição, ou seja, não impedirá ninguém de desenhar, a empresa poderá contratar quem quiser, o "sobrinho que desenha" única coisa é que contratando um designer esse será responsável sob o projeto, outro argumento "profissões que coloquem a população em risco, e todos sabemos que, apesar de tudo, o design não faz parte deste âmbito" sou designer de produtos e sei que um produto mal projetado, seja um cadeira ou um automóvel podem causar sim riscos, LER, lesões, etc, ninguém aqui viu o tombo ao vivo da Ana Maria Braga na Globo numa cadeira de 3 pés? ou sente dores sentado em uma cadeira mal projetada, ou sente o carro instável em uma curva por não ter uma forma que favoreça? está se referindo a uma área de design especifica nesse texto ou todas?

    Já que a autor critica a classe que não existem Associações sérias gostaria de saber o que ele está fazendo pra mudar isso, que Associação ele é associado e participa e tenta fazer algo pela classe do designer? Ou qual ele participou e evidenciou essas acusações? Vi textos bem melhores criticando a Regulamentação esse nem se eu fosse contra concordaria…

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