Enquanto os filósofos de plantão ameaçam a publicidade, o criativo sempre acha uma nova forma de impactar o consumidor com a sua mensagem. “A criatividade aflora na dificuldade”, dizia um dos melhores professores que tive na faculdade.
De tempos em tempos lemos artigos que matam a publicidade de alguma maneira. Disseram, por exemplo, que a promoção de vendas seria mais importante, quando pesquisa do POPAI apontou que 85% das decisões de venda são feitas nos pontos de venda. Ok, mas o que motiva o consumidor a ir até lá?
Depois foi a internet, que acabaria com a comunicação em jornais, rádio e TV, pois integra tudo em um único lugar. O fato de muita gente trabalhar com computadores facilitaria. Ok, mas 67% dos brasileiros nunca acessaram a internet. E 98% têm TV e rádio em casa.
Agora a TV Digital vai acabar com o comercial convencional, dizem, pois afinal as pessoas vão poder selecionar o que assistir e pular os comerciais.
Realmente, os comerciais às vezes irritam. Ao mesmo tempo, o que dizer da ação onde em 20 dias foram baixados 38,8 mil comerciais da “Karina”, personagem criado pela Y&R para a Telefônica.
Essas pessoas viram o comercial na TV e fizeram o download do filme para deixar guardado!
Celular banda larga 100% de graça, mas com comerciais
Mas como a publicidade trabalha com criatividade em tudo o que faz (sim, atendimento, planejamento, mídia e produção gráfica devem ser criativos), já inventou uma nova forma de impactar o consumidor com comerciais. E o melhor, os anunciantes vão pagar você para que assista o comercial.
Estranho, surreal? Nada, é a previsão que o Google faz para os próximos anos.
Hoje você não ganha um aparelho de TV para assistir comerciais, mas em breve, a marca Y vai lhe dar um celular para você assistir comerciais e em troca você não vai pagar a conta.
Mas quem paga a conta? A Motorola, LG, Coca-Cola, Unilever, GM, Ford… os anunciantes! Que maravilha! Eles produzem produtos que os consumidores pedem (pesquisas valem para alguma coisa). Comerciais divertidos que viram assunto em rodas de conversa.
Se essa ação (pagar para o consumidor ver seus filmes) vier alinhada à estratégia de Impacto X Venda, a pessoa vai poder fazer a compra do produto na hora. É ser impactado pela mensagem e efetuar a compra. Igual na internet.
Recebeu a mensagem, gostou, entrou pelo celular via WAP e fez a compra. (Existe a opção do MCash, mas é assunto para outro dia.)
Esse novo mundo é previsto por Eric Schmidt, presidente-excutivo do Google. Microsoft e Google são as empresas que hoje ditam as regras na internet.
A previsão feita pelo Google considera que o celular cada vez mais vai ficar parecido com o computador, onde as pessoas vão passar quase oito horas por dia falando, escrevendo, acessando internet, filmando, tirando fotos, trocando arquivos via bluetooth, entre outras interações.
É bem aceitável, uma vez que hoje já podemos ver e-mails e acessar o MSN do celular. O problema é que ainda acessamos pagando, mas em breve creio eu que vamos pagar um valor mensal para ter acesso ilimitado, como hoje são as opções de banda larga a cabo ou SDSL. Quase 50% das pessoas admitem não conseguir viver mais sem celular.
Tudo na vida tem o lado bom e o lado ruim. O lado ruim acontece quando você é acordado às 3h da manhã com uma mensagem tipo: “Compre seu televisor LG nas Casas Bahia por 24x de R$ 199,99 agora mesmo!”. Quem nunca acordou com uma mensagem publicitária da sua operadora de celular de madrugada? A TIM é expert em fazer isso.
Só não adianta querer matar a propaganda. Ela é igual ao Bruce Willys em Duro de Matar: mesmo tendo um exército contra, ela sempre acha uma forma de sobreviver, ganhar fôlego e acabar com todos que estão contra ela.
autor: Felipe Morais
fonte: webinsider