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Publicidade interativa ganha espaço na rede, à espera da TV digital

Interatividade é a palavra de ordem na publicidade da internet. As agências mapeiam tendências em comunidades virtuais, como o Orkut, e criam blogs para verificar o que quer a audiência. Criam sites de produtos em que os internautas podem intervir no conteúdo. Divulgam filmes por correio eletrônico, que acabam atraindo audiência no site de vídeos YouTube. Anunciantes marcam presença no MSN Messenger, serviço de mensagens instantâneas. E não é só isso. Em breve, toda essa experiência será transposta para a TV digital, interativa, com imagem de qualidade.

“Há uma revolução de comportamento em curso, em que a interatividade dá o tom. E não é só na publicidade”, prevê Eduardo Fischer, presidente da Fischer América, do Grupo Total. “O consumidor deixou de ser passivo e está assumindo o papel de produtor de conteúdo, sendo até mesmo convidado, através da internet, a sugerir finais para campanhas publicitárias”, completa ele.

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GAMES
Buscar ferramentas que facilitem a interação com o público está virando condição necessária para o negócio da comunicação. Foi por isso, segundo Fischer, que o Grupo Total acaba de comprar a BG Interativa, uma empresa especializada em projetos de interatividade.

“A BG, por exemplo, desenvolveu para uma companhia automobilística a possibilidade de o consumidor fazer um test-drive online. Tudo a partir dos princípios dos games”, conta Fischer. O site, feito para o lançamento do novo Honda Civic, recebeu 200 mil visitantes únicos no primeiro mês. “O tempo de permanência, num site interativo, é de 10 a 15 vezes maior”, diz Araken Leão, diretor da BG.

Em janeiro deste ano, a BG criou um vídeo com um personagem dos comerciais da Caixa Econômica Federal – Monstro, um boneco de pêlos roxos e dois metros de altura – imitando jogadas do Ronaldinho, mas com um assistente vestido de azul que controlava a bola, para ser apagado depois com efeito de chroma-key. O vídeo foi distribuído por e-mail para cerca de 30 mil pessoas. Quatro ou cinco dias depois, estava no YouTube, sem intervenção da agência, e chegou a ser assistido por 3 milhões de pessoas.

Fenômeno mundial, o YouTube, site em que o internauta pode colocar seus vídeos, tem um crescimento surpreendente no Brasil. A audiência residencial subiu de 57 mil em dezembro de 2005 para 2,654 milhões em julho.

“Toda essa experiência será aproveitada na TV interativa”, afirma Araken. O governo promete que a televisão aberta digital, com interatividade, chegará a São Paulo em meados do ano que vem. A empresa tem oito pessoas em seu departamento de pesquisas em novas tecnologias, cujo foco principal é a TV interativa. “Ela virá em três etapas. Primeiro, o espectador poderá comprar pela televisão. Depois, poderá interagir com os programas. E, em terceiro, poderá participar da edição do programas.”

ANIMAÇÕES
O Brasil tem experiências pioneiras em publicidade interativa. No ano passado, a AgênciaClick criou para a Coca-Cola um theme-pack, pacote de itens personalizáveis, para o MSN Messenger, da Microsoft, para ser baixado pela internet. O pacote incluía recursos como fundos de tela, animações e emoticons (“carinhas” usadas no sistema de comunicação).

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Um exemplo prático ainda dos primórdios dessa realidade, que agora começa a ganhar musculatura com o avanço da tecnologia, foi desenvolvido pela F/Nazca Saatchi & Saatchi para a marca de cerveja Skol há cinco anos. A agência queria incorporar ao seu dia-a-dia uma turma jovem ligada na linguagem da web . E foi dessa turma que partiu a proposta de colocar no ar uma propaganda em capítulos, em que o final seria decidido pelos telespectadores.

Foram inventadas cinco alternativas que, no total da votação feita no site da empresa, receberam 300 mil votos. Chamado Paquera, o anúncio exibia uma moça na praia que convidava, através de mímica, um rapaz numa ilha próxima para beber com ela. A maioria decidiu colocar no ar a situação de indecisão do rapaz, que não conseguia entender o convite da moça.

Se há alguns anos propostas como a da F/Nazca eram casos isolados, agora devem se tornar corriqueiras e cada vez mais incorporar recursos técnicos e participação do público externa. “Direito autoral e ficha técnica de filme publicitário, tão reverenciadas no meio publicitário, vão cair em desuso”, brinca Fábio Fernandes, presidente e diretor de criação da agência.

CAMPANHA
O reconhecimento de que esse caminho é uma tendência que se confirmou com a premiação da campanha do carro inglês Mini Cooper no Festival Internacional de Cannes. Em 2005, a agência Crispin Porter + Bogusky criou uma campanha que acabou vitoriosa na categoria Titanium Lions. A campanha se baseou na participação dos consumidores apaixonados pelo veículo. Esses fãs foram chamados a integrar uma comunidade na internet que defendia o Mini de possíveis falsificações. Tudo inventado com uma boa dose de humor. A campanha foi sucesso de público. Várias situações engraçadas surgiram em que, pelas leitura dos fãs, outros carros tentavam se transfigurar em Mini.

autora: Marili Ribeiro e Renato Cruz
fonte: Estado de São Paulo

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