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Manual do estagiário de primeira viagem

É chegada a hora de vestir um terno e, pela primeira vez, pisar em um escritório: sentar-se durante seis ou oito horas ao lado daqueles senhores compenetrados, ouvindo apenas o barulho do ar condicionado gelado. É o seu primeiro estágio. Difícil relaxar e saber como agir quando a gente nunca esteve nessa situação. Ainda mais quando cada empresa tem uma cultura, e cada chefe uma personalidade. Há que se ter muito jogo de cintura. Mas algumas dicas podem ajudar o estagiário de primeira viagem sobre sua atuação no momento da entrevista, no dia-a-dia do escritório e em eventos como happy hours e festas de fim de ano da empresa. Quem responde às questões mais cabeludas é gente que lida diretamente com os estagiários – as próprias empresas. O Universia entrevistou a supervisora de processos especiais do CIEE (Centro de Integração Empresa-Escola), Noely de Carvalho David, que faz a ponte entre universitários e empresas; e gerentes de recursos humanos da Natura e da Tigre – posicionadas entre as 10 melhores empresas para se trabalhar, segundo os guias anuais das principais revistas especializadas em mercado de trabalho, como Forbes Brasil, Você S/A, Exame e o jornal Valor Econômico.

ENTREVISTA

– Estude a empresa antes da entrevista. “O candidato ao estágio tem que saber que não só a empresa vai avaliá-lo no momento da entrevista, bem como ele estará avaliando se aquela empresa tem a ver com ele”, explica a gerente de pessoas da Tigre, Carmen Raygada. Para tanto, é bom estudar o site da empresa, saber quais são seus valores e, se tiver oportunidade, conversar com gente que trabalha ou já trabalhou lá para obter mais informações.

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– Vista-se da maneira mais discreta possível. Opte pelo meio-termo: nem formal demais, nem excessivamente informal. Por mais que a empresa possa ser informal no dia-a-dia, por via das dúvidas, não use jeans, tênis ou camiseta. Para as mulheres, nada de decotes ou roupas justas. Maquiagem leve – nada de batom vermelho, um gloss é o ideal. Tampouco muito perfume. “Você tem que chamar a atenção para o seu conteúdo, perfil, personalidade”, alerta a supervisora de processos especiais do CIEE, Noely de Carvalho David. Mas não pire com o velho ditado “A primeira impressão é a que fica”, porque isso não é verdade, segundo a gerente de Recursos Humanos da Natura Denise Asnis. “Um bom entrevistador vai além da primeira impressão. Uma vez, por exemplo, eu entrevistei um garoto que estava acabando de voltar de suas férias. Chegou aqui com o estilo todo praiano, de bermuda e sandália. Mas ele era tão inteligente e bem articulado, que me impressionou. E hoje ele é um gerente aqui dentro”, lembra.

– Não fale gírias nem use uma linguagem muito rebuscada. “O papel profissional é diferente do pessoal”, frisa Asnis.

– Como você soluciona os conflitos do dia-a-dia e qual é o seu papel no grupo? Essa é a questão-chave para o entrevistador. Como o estagiário não tem muito para contar em termos de experiência profissional, é o Quociente Emocional (Q.E.) que será avaliado. Então, prepare-se: o entrevistador vai fazer várias perguntas sobre o seu dia-a-dia, o seu relacionamento com os amigos, familiares, como você organiza seu fim de semana. “Não é negativo a pessoa ter problemas, a questão é como ela lida com eles”, explica Raygada.

– O entrevistador vai valorizar: o estagiário que tem um círculo de amizade eclético e interessante, que gosta de fazer viagens diferentes, de ler além do que o que a escola propõe e é flexível.

– Pega mal demonstrar que não sabe o que quer da carreira, ou que só está ali pelo dinheiro.

– Seja objetivo. Nem prolixo, nem monossilábico. A maneira como você vai responder às perguntas vai dizer muito de você, e o que a empresa busca é gente assertiva, que vai direto ao ponto e não perde o foco da informação. Então, evite ficar divagando sobre o assunto ou dando 300 exemplos pessoais. Falar demais de si mesmo, além do que foi perguntado, pega mal.

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– Não faça tipo. O entrevistador vai perceber se você estiver tentando seduzi-lo (não no sentido sexual, mas de vender mais do que você é). Todas as gerentes de RH reforçam esse quesito: seja autêntico e espontâneo. Isso demonstra segurança. E lembre-se: ninguém espera que um estagiário tenha experiência profissional. Eles vão avaliá-lo pelo modo como você conduz a sua vida na faculdade, dentro da família, com os amigos, nos relacionamentos amorosos.

– Se a sua faculdade não é de primeira linha, não se preocupe. “Hoje em dia isso não é tão importante. O que a gente vai perceber da personalidade do candidato vai contar mais”, diz Raygada. Tampouco se preocupe se você veio de uma família simples e com poucos recursos. “É um bom indício ele ter chegado até ali, mostra que o cara é batalhador. E atualmente há tantos recursos para a pessoa se informar que ela não precisa ter ido à Itália para conhecer mais sobre o país. Basta ela ter curiosidade e procurar na internet ou ler livros”, pondera a gestora de pessoas da Tigre.

– Nada de rotular as pessoas. Frases como “odeio quem gosta de pagode” pegam mal, pois demonstram preconceito e inflexibilidade com o diferente.

– Cuidado com o “sincericídio”: se você está tentando uma vaga na área de RH, por exemplo, nada de dizer que o seu sonho é atuar na área de Finanças. Logo de cara, o entrevistador vai pensar que você não está tão motivado para a vaga. “Mesmo que o seu sonho seja trabalhar em outra empresa ou área, ressalte o valor de ter experiência naquela onde você está tentando obter a vaga”, aconselha Raygada.

– Demonstre garra, visão de futuro, e foco no resultado. É isso o que a maioria das empresas busca em qualquer profissional. “A gente não quer alguém bitolado só na área técnica dele. Valorizamos quem está plugado com o mundo, não centrado apenas no seu universo”, explica a gerente de Recursos Humanos da Natura Denise Asnis.

– Pergunte sobre o valor da bolsa-auxílio, benefícios e plano de carreira. Não se envergonhe disso! Mas espere o momento certo: só depois que você entender quais serão suas atividades e o horário de trabalho – e no caso do entrevistador não falar sobre o assunto.”Quem não pergunta sobre o valor da bolsa-auxílio causa a impressão de que não precisa de dinheiro ou que é muito inibido”, alerta David. Também não tem problema tentar negociar valores, caso você ache baixo o valor proposto. Mas atenção: isso deve ser feito com o gerente de RH da empresa, nunca na entrevista final, com o gestor com quem você vai trabalhar diretamente. “Você pode dizer tudo, desde que não seja arrogante”, diz David.

AMBIENTE DE TRABALHO

– Pergunte ao gestor sobre o uso da internet – pode usar msn? E-mail pessoal? Dar uma olhada no Orkut? – , do telefone – é possível fazer ligações internacionais? Tem um jeito padrão de atender as ligações? – , hora de chegar e sair, horário de almoço. Não tenha vergonha de questionar sobre qualquer coisa que tiver dúvida. É um ponto positivo você mostrar interesse sobre a cultura da empresa para saber como se comportar.

– Observe atentamente. Ouvir e olhar mais do que falar: esse é o segredo para você se dar bem. O primeiro mês de estágio é o momento de você perceber o ambiente e o comportamento das pessoas: sobre o que elas conversam, que horas normalmente saem para almoçar, se são mais descontraídas ou mais sérias. É com base nisso que você conduzirá a sua linha de comportamento.”Nas primeiras semanas, evite falar muito de coisas pessoais, fique mais na sua. Resita à tentação de sentir-se muito íntimo das pessoas. Você pode ser considerado espaçoso ou exibido”, alerta David.

– Sorria: você está sendo vigiado. Cuidado com os sites que você vai acessar no trabalho. A maioria das empresas atualmente faz o monitoramento dos computadores das pessoas. Eles sabem como você utiliza a internet.

– Nunca entre em fofocas. Apesar de elas fazerem parte de praticamente todo ambiente de trabalho, saia fora disso. “Quando ouvir um grupo falando mal de um colega, retire-se e não dê a sua opinião. E mais: não dê crédito total ao que estão dizendo dos outros – toda informação vem com o viéis e a carga emocional da pessoa que está falando”, aconselha David, taxativamente.

– Não use nos e-mails de trabalho a linguagem que você usa no MSN com seus amigos. Nada de “belê” ou “vc” ou “kde”.

– Varie de tribo na hora do almoço. Não vá sempre com a mesma pessoa.

– Meninas: cuidado com o assédio. É de praxe os quarentões ficarem babando por estagiárias novinhas. Mas não se deslumbre, nem caia na lábia deles. Coloque limites sem ser rude. Exemplo: não aceite ir almoçar apenas com ele, chame os outros colegas para ir junto. E não prolongue conversinhas sobre assuntos extra-trabalho pelo msn.

– Deixe o seu celular no vibracall ou em um volume baixo.

– Fale baixo.

– Não envie correntes ou piadas por e-mail para os colegas de trabalho.

– Se você ficou muito mal porque terminou um namoro longo e sabe que não terá condições de trabalhar naquele dia, invente outra justificativa. Nem todo chefe é condescendente com questões amorosas.

HAPPY HOURS E AFINS

– Não se obrigue a comparecer a eventos extra escritório. Não pega mal não ir e você ainda evita entrar em fofoca – alguns chopes a mais e todo mundo já destrava um pouco a censura, uma armadilha perigosa para dizer coisas impróprias. Além disso, os colegas sabem que todo estagiário é mais apertado de tempo – por conta das aulas na facul – e de grana. Eles vão compreender. Por outro lado, não há mal nenhum em comparecer. É um bom momento para se enturmar e conhecer melhor cada colega.

– Participe das festas organizadas pela empresa. Diferentemente dos eventos informais organizados pelos próprios colegas de trabalho, os institucionais são obrigatórios. Você precisa, pelo menos, dar uma passada lá, para fazer o social e mostrar que você veste a camisa. Mas cuidado: não beba em excesso e não detone ninguém. Tampouco paquere as colegas. Se ficar a fim de alguém, deixe para depois, em um ambiente onde não estejam todos os colegas.

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